26/11/2024 - 17:22
O dólar fechou nesta terça-feira, 26, praticamente estável ante o real, com o mercado ainda à espera do pacote de medidas fiscais do governo Lula, enquanto no exterior a moeda norte-americana avançava ante boa parte das demais divisas de emergentes, em meio às promessas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de elevar tarifas de importação.
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O dólar à vista fechou o dia com leve alta de 0,10%, cotado a 5,8096 reais. Em novembro a divisa acumula elevação de 0,49%. Veja cotações.
Às 17h05 o dólar para dezembro — o mais líquido atualmente no Brasil — subia 0,09%, aos 5,8085 reais.
O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, flertando com os 130 mil pontos pela primeira vez em mais de duas semanas, com Brava Energia disparando mais de 9% após anunciar que assinou contratos para campanha de desenvolvimento em Atlanta e Papa-Terra, com opção de desenvolvimento de Malombe.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,69%, a 129.922,38 pontos, tendo marcado 130.360,79 pontos na máxima e 129.042,24 pontos na mínima da sessão. O volume financeiro somou 21,54 bilhões de reais.
O dólar no dia
A moeda norte-americana atingiu o pico do dia logo na abertura, na esteira das promessas de Trump de impor tarifas maiores sobre os produtos de alguns de seus principais parceiros comerciais.
Trump disse que em seu primeiro dia no cargo adotará uma tarifa de 25% sobre todos os produtos do México e do Canadá. Em relação à China, prometeu uma taxa adicional de 10% sobre os produtos.
Às 9h02, logo após a abertura, o dólar à vista atingiu a máxima de 5,8280 reais (+0,42%), acompanhando o avanço visto no exterior. Ainda na primeira meia hora de negócios, porém, a divisa registrou a mínima do dia, de 5,7808 reais (-0,39%), às 9h30. Ao longo da sessão, a moeda norte-americana retornou para perto da estabilidade.
A expectativa de que o pacote fiscal a ser anunciado pelo governo possa de fato contribuir para o equilíbrio das contas públicas era um fator para a queda das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de longo prazo nesta terça-feira, mas não conseguiu sustentar um dólar em baixa.
“Temos um pacote fiscal que parece que está vindo, um petróleo que chegou a subir e um minério de ferro subindo, com açúcar e café em alta”, citou Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.
“Tudo isso seria (motivo para um) dólar mais depreciado (ante o real). Mas mesmo com o pacote fiscal vai ser um desafio controlar o dólar, porque ele está ganhando força globalmente”, acrescentou.
Operador ouvido pela Reuters pontuou que a expectativa pelo pacote fiscal — cuja divulgação vem se arrastando nas últimas semanas — também travava as cotações nesta terça-feira, deixando pouco espaço para altas ou quedas mais intensas.
No exterior, o dólar seguia no fim da tarde em alta firme ante moedas como o peso mexicano, o dólar australiano e o rand sul-africano. Porém, após o forte avanço do início do dia sob influência de Trump, o dólar cedia ante uma cesta de moedas fortes.
Às 17h20, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,32%, a 107,010.
No fim da manhã, o Banco Central vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.
O dia do Ibovespa
A sessão também foi marcada pela expectativa para o pacote de corte de gastos, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizar que o governo estará pronto para divulgar as medidas nesta semana uma vez que fechou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva as últimas pendências sobre as medidas fiscais.
De acordo com analistas do BTG Pactual, a qualidade das medidas será crucial para determinar o impacto do anúncio nos ativos financeiros. “Quanto mais medidas estruturais forem apresentadas, mais positiva será a reação do mercado”, afirmaram Fabio Serrando e Lorena Laudares em relatório a clientes.
Wall Street endossou o viés positivo na bolsa paulista, com o S&P 500 fechando em alta de 0,57%, ajudado pelo setor de tecnologia, enquanto agentes repercutiram as ameaças tarifárias feitas pelo presidente eleito Donald Trump — com alguns analistas vendo o anúncio como ferramenta de negociação.
DESTAQUES
– BRAVA ENERGIA ON disparou 9,33%, em meio ao anúncio de que assinou em novembro os principais contratos para a primeira campanha integrada de desenvolvimento em Atlanta e Papa-Terra, com opção de desenvolvimento de Malombe por meio de uma interligação à Peroa (tieback). O início da campanha, segundo a petroleira, se dará no quarto trimestre de 2025 com previsão das primeiras conexões de poços em 2026. O valor dos contratos, referente aos quatro primeiros poços, é de aproximadamente 200 milhões de dólares.
– COPEL PNB valorizou-se 5,27%, diante de uma série de anúncios desde a noite de segunda-feira, incluindo venda de ativos, seu primeiro programa de recompra de ações e pagamento extraordinário de juros sobre capital próprio. A elétrica, que realiza evento com investidores nesta terça-feira, também divulgou nesta sessão previsão de investimento de 2,5 bilhões de reais na distribuição de energia em 2025 e uma estimativa de “otimização de 20%” de seus custos de pessoal, material, serviços e outros (PMSO) até 2026.
– CARREFOUR BRASIL ON avançou 3,28%, após pedido de desculpas da matriz do grupo na França por declarações contra a carne produzida no Brasil, o que levou a um boicote de fornecedores à rede no país. A companhia disse nesta terça-feira que espera que a normalização do abastecimento de carne bovina em suas lojas nos próximos dias e destacou que “não houve, até o momento, impacto relevante nas operações de venda de mercadorias”. No setor, ASSAÍ ON subiu 4,92% e GPA ON fechou estável.
– BRASKEM PNA recuou 2,14%, em meio a ajustes após duas altas seguidas, quando somou alta de 7,5%. Também no radar, o presidente Donald Trump prometeu na segunda-feira impor grandes tarifas aos três maiores parceiros comerciais do país, incluindo México, onde a petroquímica também tem operações. Analistas do Safra também reiteraram recomendação “neutra” para as ações da Braskem após evento da companhia com investidores na véspera, citando expectativa de ciclo negativo no setor, embora tenham uma visão positiva para a estratégia da empresa.
– PETROBRAS PN recuou 0,13%, enfraquecida pela queda preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechou com declínio de 0,27%.
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 1,91%, respondendo por um suporte relevante para o Ibovespa, em dia positivo para bancos, com BRADESCO subindo 0,66%, BANCO DO BRASIL ON ganhando 1,31% e SANTANDER BRASIL UNIT mostrando acréscimo de 0,49%.
– VALE ON perdeu 1,27%, mesmo tendo como pano de fundo que o contrato futuro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), na China, encerrou as negociações do dia com alta de 0,32%, a 783,0 iuanes (107,90 dólares) a tonelada.