O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira, 2, que o cenário econômico atual aponta para uma política monetária “mais contracionista” por parte da instituição, sinalizando “juros mais altos por mais tempo” no Brasil.

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Falando em um evento organizado pela XP, ele disse ser “lógico” tal direcionamento para a taxa Selic diante de uma economia com maior dinamismo do que o esperado e uma moeda mais desvalorizada, mas se recusou a fornecer um guidance para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

“Parece relativamente lógico imaginar isso e (foi) em cima desse movimento que aconteceu ao longo do ano que o Banco Central foi migrando gradativamente de um ciclo de corte para uma pausa e (para) o ciclo de alta de juros”, disse o diretor do BC.

Ele disse que a autarquia iniciou um ciclo de cortes de juros em agosto de 2023, que levou a Selic a 10,50% ao fim do período de afrouxamento, por haver uma perspectiva de desaceleração da economia brasileira naquele momento, que tem se “frustrado sistematicamente”.

O Copom realizará seu último encontro do ano nos dias 10 e 11 de dezembro, com operadores especulando sobre se as autoridades optarão por elevar a Selic, atualmente em 11,25% ao ano, em 0,50 ou 0,75 ponto percentual, em meio a uma maior desancoragem das expectativas de inflação do mercado.

Galípolo assumirá a presidência do BC a partir de janeiro.

O diretor ressaltou que a desancoragem das expectativas de inflação é um incômodo “há muito tempo” para os diretores da autarquia e defendeu que o trabalho da autoridade monetária é justamente reancorá-las.

Segundo ele, o BC tem os instrumentos necessários para perseguir o centro da meta de inflação — de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — e que qualquer discussão sobre uma mudança na meta é um “não tema” para os membros da autarquia.

“Sou da máxima que acho estranho que quem persegue a meta possa determinar a própria meta. Mas esse é um tema (com a) página virada”, afirmou.

Galípolo defendeu que a banda de tolerância é um mecanismo para “eventuais choques”, indicando também que o mais importante para o BC é definir a direção correta, uma vez que há “várias maneiras” de se atingir a meta de inflação.

Desafios globais

Galípolo nomeou uma série de desafios globais no atual cenário econômico, incluindo a desaceleração da economia da China e as incertezas sobre o futuro dos Estados Unidos com a iminência do governo do presidente eleito, Donald Trump.

No entanto, o diretor defendeu que o Brasil está em uma “posição robusta” para enfrentar tais desafios, apontando para o câmbio flutuante e as reservas internacionais como mecanismos de defesa “bastante relevantes”.