Após subir por cinco dias consecutivos e bater recordes históricos, o dólar fechou nesta terça-feira, 3, praticamente estável ante o real, influenciado pelo recuo da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior, ainda que as preocupações em torno do equilíbrio fiscal brasileiro seguissem sustentando as cotações bem acima dos 6,00 reais.

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O dólar à vista fechou o dia com leve baixa de 0,05%, cotado a 6,0624 reais, após ter atingido na véspera o maior valor nominal de encerramento da história, de 6,0652 reais. Veja cotações.

No ano, a divisa dos EUA acumula elevação próxima de 25%.

O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, acima dos 126 mil pontos, com Ambev entre os principais suportes positivos, enquanto Vale fechou no vermelho em sessão marcada por evento da mineradora com investidores e divulgação de projeções sobre produção.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,72%, a 126.139,2 pontos, tendo marcado 126,417,2 pontos na máxima e 125.233,45 pontos na mínima do pregão. O volume financeiro somou 21,8 bilhões de reais.

O dólar no dia

No início do dia o dólar ensaiou um recuo mais forte ante o real, enquanto investidores digeriam dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e o noticiário externo.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB cresceu 0,9% no terceiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores. Embora tenha ficado em linha com a expectativa dos economistas consultados em pesquisa da Reuters, o resultado seguiu indicando uma economia aquecida, com potencial inflacionário.

Segundo analistas, isso tende a favorecer um ciclo maior de altas da taxa básica Selic, hoje em 11,25% ao ano — o que em tese iria atrair mais dólares ao Brasil.

No exterior, o dólar cedia ante a maior parte das demais divisas — ainda que tenha avançado ante o won, após o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, declarar lei marcial no país.

Neste cenário, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 6,0280 reais (-0,61%) às 9h10, pouco depois da abertura.

Ao longo da manhã, porém, a divisa recuperou o fôlego com o mercado ainda muito sensível à questão fiscal brasileira. Apesar do corte de 71,9 bilhões de reais em despesas em dois anos anunciado pelo governo no pacote da semana passada, foi mal-recebida a proposta de isenção de Imposto de Renda.

“O cenário interno segue fazendo preço. Ninguém esperava a isenção do IR para quem ganha até 5 mil reais e, fora isso, economistas fizeram cálculos e há a percepção de que os números não batem”, comentou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Este mal-estar fez o dólar colar novamente nos 6,10 reais. Às 11h39, a divisa à vista marcou a máxima de 6,0962 reais (+0,51%). Durante a tarde, a moeda se reaproximou da estabilidade.

No exterior, às 17h21, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,06%, a 106,310.

No fim da manhã, o Banco Central vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.

O dia do Ibovespa

Investidores também repercutiram nesta sessão dados mostrando que o crescimento do PIB brasileiro desacelerou no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores, dentro do esperado e ainda sugerindo uma economia aquecida, mesmo diante da política monetária contracionista.

A economia cresceu 0,9%, segundo o IBGE, de 1,4% e 1,1%, respectivamente no segundo e no primeiro trimestres –este último em dado revisado de 1,0% informado antes. O resultado do terceiro trimestre ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters com economistas.

Na visão do sócio e advisor da Blue3 Willian Queiroz, os números do PIB corroboraram a trégua na bolsa paulista após uma semana complicada, mas a apreensão com a perspectiva fiscal permanece, assim como cresce a percepção de que o nível atual da Selic pode não estar sendo suficiente para controlar a inflação.

DESTAQUES

– BRAVA ENERGIA ON saltou 9,05%, endossada pela alta dos preços do petróleo no exterior. Na semana passada, a petroleira anunciou que assinou os principais contratos para a primeira campanha integrada de desenvolvimento em Atlanta e Papa-Terra, com opção de desenvolvimento de Malombe por meio de uma interligação à Peroa (tieback).

– AMBEV ON avançou 4,53%, tendo como pano de fundo relatório de analistas do Bank of America no qual eles afirmaram esperar que a fabricante de bebidas anuncie remuneração a acionistas nas próximas duas a três semanas, de 0,86 real por ação, o que significaria um payout de 91% versus uma média histórica de 82%.

– CAIXA SEGURIDADE ON subiu 4,55%, após analistas do Citi elevarem a recomendação dos papéis do braço de seguros da Caixa Econômica Federal para “compra” e o preço-alvo das ações em 12 meses para 18 reais, citando que é a ação defensiva certa para ter no portfólio, dado o “momentum” forte dos prêmios de hipotecas e índice de perdas controlado, entre outros.

– BRF ON valorizou-se 4,48%, favorecida por relatório de analistas do Itaú BBA, que melhoraram suas previsões para a companhia e aumentaram o preço-alvo das ações para 29 reais no final de 2025, de 19 reais no final de 2024, para incorporar a melhora acentuada nos spreads proporcionada pela oferta global restrita de frango, entre outras razões.

– HAPVIDA ON avançou 1,5% após anunciar que vai investir 2 bilhões de reais na construção de novos centros médicos até o final de 2026, sendo metade da cifra na cidade de São Paulo e região metropolitana. Segundo a companhia, do total a ser investido, 630 milhões de reais virão de recursos próprios.

– AZUL PN fechou em alta de 2,64%, em sessão marcada por evento da companhia aérea com investidores em Nova York, com a apresentação mostrando estimativa da empresa de uma melhoria de mais de 1 bilhão de reais no fluxo de caixa de 2025. As negociações também tiveram como pano de fundo a estabilização do dólar ante o real, após renovar máximas recentemente.

– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 1,12%, após quatro sessões seguidas de queda, quando acumulou baixa de 7,5%. O Itaú anunciou nesta terça-feira a liberação da negociação de bitcoin e ethereum para seus clientes. No setor, BRADESCO PN cedeu 0,36%, BANCO DO BRASIL ON avançou 1,22% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou com acréscimo de 2,39%.

– VALE ON perdeu 0,76%, em meio a uma série de divulgações, incluindo previsão de produzir entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas de minério de ferro em 2025, ante aproximadamente 328 milhões em 2024, em dia de evento anual da mineradora com investidores em Nova York. Na China, o contrato do minério de ferro mais negociado em Dalian subiu 1,5%.

– PETROBRAS PN subiu 0,89%, em dia de desempenho robusto dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou com acréscimo de 2,49%. Dados da ANP mostraram nesta terça-feira que a produção total da companhia em outubro recuou para 2,585 milhões de boed, versus 2,91 milhões de boed no mesmo mês do ano passado, queda de 11,2%.

– LWSA ON caiu 2,51%, engatando o quinto pregão seguido de perda e tocando mínimas desde o começo de 2020. Na semana passada, analistas do Citi cortaram a recomendação para as ações de “compra/alto risco” para “neutra/alto risco”, afirmando que a desaceleração e a falta de gatilhos podem não ser um bom presságio para os múltiplos ainda elevados no setor.

– GPA ON recuou 2,27%, em dia de queda no setor em meio a preocupações com taxas de juros mais elevadas, ASSAÍ ON <ASAI3.SA> perdeu 1,08% e CARREFOUR BRASIL ON, que assinou a venda de oito lojas da bandeira Nacional em Curitiba, fechou o dia em baixa de 0,78%.