O dólar tinha leve baixa ante o real nesta quinta-feira, em linha com as quedas nos mercados globais, à medida que investidores ainda digeriam dados sobre os Estados Unidos divulgados na véspera e acompanhavam a tentativa do governo brasileiro de aprovar seu pacote fiscal ainda neste ano.

+ PlatôBR: Haddad fica fragilizado como interlocutor da política fiscal após pacote

Às 11h55, o dólar à vista caía 1,05%, a 5,98 reais na venda.

Já o Ibovespa avançava mais de 1% nesta quinta-feira, após deputados aprovarem regime de urgência para a votação de duas propostas que integram o pacote fiscal do governo, enquanto Eletrobras disparava cerca de 5% com decisão sobre recursos para Conta de Desenvolvimento Energético.

Às 10h13, o Ibovespa subia 1,19%, a 127.582,66 pontos. O contrato futuro do índice com vencimento mais curto, em 18 de dezembro, avançava 1,08%.

Dólar

O real era beneficiado por um recuo amplo da moeda norte-americana no exterior, conforme investidores ainda avaliavam dados da véspera que reforçaram cenário de desaceleração gradual da economia dos EUA, o que pode favorecer maior afrouxamento monetário pelo Federal Reserve.

Números da ADP mostraram que foram gerados 146.000 empregos no setor privado dos EUA em novembro, após avanço revisado para baixo de 184.000 em outubro. Economistas consultados pela Reuters previam que o emprego privado aumentaria em 150.000 vagas após um salto de 233.000 em outubro.

Já o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor não manufatureiro caiu para 52,1 no mês passado, depois de ter subido para 56,0 em outubro — nível mais alto desde agosto de 2022. Economistas em pesquisa da Reuters previam 55,5.

Os resultados, que afastaram um pouco a percepção de robustez da maior economia do mundo, levantava novamente a perspectiva de cortes contínuos na taxa de juros pelo banco central dos EUA.

“A divulgação de indicadores que apontaram para uma desaceleração gradual do crescimento dos EUA diante de dados mais fracos também para o setor de serviços corroboram perfeitamente para o dito pouso suave, resultado que permitirá com que o Fed continue um processo de corte gradual dos juros”, disse Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

Em meio a este cenário, o dólar — que se torna menos atrativo com uma queda nos juros — recuava ante seus pares fortes e emergentes.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,16%, a 106,170.

No cenário doméstico, o mercado reagia positivamente à aprovação pela Câmara dos Deputados do regime de urgência para duas propostas que integram o pacote fiscal do governo, o que elimina a exigência de determinados prazos e acelera a tramitação.

Os investidores têm mostrado pessimismo em relação ao pacote — que prevê uma economia de 71,9 bilhões de reais nos próximos dois anos — após ele ter sido anunciado junto de um projeto de reforma do Imposto de Renda, gerando dúvidas sobre o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas.

“Espera-se que com a aprovação da Câmara, com essa pauta de urgência, os receios possam ser amenizados e que as propostas tramitem ainda este ano para aprovação”, completou Riauba.

Na curva de juros brasileira, as taxas dos DIs apresentavam leve alta, refletido a percepção de agentes financeiros de que a economia brasileira está operando com potencial inflacionário, o que necessitaria um maior aperto monetário pelo Banco Central.

Operadores colocavam 66% de chance de uma alta de 0,75 ponto percentual na reunião do Copom na próxima semana, a última do ano.

Ibovespa

A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira regime de urgência para proposta que trata da autorização ao governo para limitar a utilização de créditos tributários em caso de déficit nas contas públicas e para a medida que busca ajustar as despesas ligadas ao salário mínimo aos limites do arcabouço fiscal.

O regime de urgência elimina a exigência de determinados prazos e acelera a tramitação das propostas. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse esperar que os projetos sejam discutidos pelo plenário da Casa na semana que vem.

Na visão da equipe da Ágora Investimentos, a notícia deveria amenizar os receios sobre obstáculos ao plano que ajudaram a pressionar as taxas de juros nas últimas sessões — com contrapartida inversa aos demais ativos de risco, conforme relatório enviado a clientes mais cedo.

 

DESTAQUES

– ELETROBRAS ON valorizava-se 5,96%, após divulgar nesta quinta-feira que não está discutindo mais com a União uma antecipação de recursos devidos pela empresa para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), uma medida que vinha sendo perseguida pelo governo federal com o objetivo de aliviar a conta de luz dos consumidores. Além disso, novos pontos foram incluídos nas discussões com o governo. Um deles é a “preservação integral” de artigos da lei de privatização da Eletrobras e do estatuto da companhia que garantem o limite de 10% de direito de voto para qualquer acionista ou grupo de acionistas.

– ITAÚ UNIBANCO PN subia 1,65%, em dia bastante positivo para bancos, com BRADESCO PN em alta de 1,93%, BANCO DO BRASIL ON valorizando-se 0,91% e SANTANDER BRASIL UNIT com acréscimo de 1,58%.

– MRV&CO ON avançava 4,77%, apoiada pelo alívio nas taxas dos contratos de DI, que beneficiava outras construtoras, com o índice do setor em alta de 2,39%. No mesmo contexto, o índice de consumo subia 1,56%.

– PETROBRAS PN ganhava 0,64%, após anunciar mais cedo a confirmação da maior descoberta de gás da história da Colômbia com a perfuração do poço marítimo Sirius-2, localizado a 77 quilômetros de Santa Marta, em lâmina d’água de 830 metros. No exterior, o barril de petróleo Brent subia 0,53%.

– VAMOS ON mostrava elevação de 3,96%, também ajudada pelo alívio na curva futura de juros. A companhia também anunciou mais cedo na semana a consumação de sua reorganização societária, que consiste na integração dos negócios de concessionárias da empresa com a Automob, criando uma nova empresa no grupo Simpar.

– BRF ON cedia 1,19%, com o declínio do dólar abrindo espaço para ajuste nos papéis, que vinham de quatro altas seguidas, tendo acumulado um ganho de quase 14%. No setor, JBS ON perdia 0,87%.

– VALE ON perdia 0,28%, conforme agentes financeiros ainda repercutem uma série de anúncios da mineradora nessa semana, quando realizou evento com analistas e investidores em Nova York e divulgou projeções de produção e investimentos para 2025. Na China, o contrato de minério de ferro mais negociado em Dalian caiu 1,17%.