Embora as estatísticas careçam de precisão, em função das mortes e deslocamentos durante os 14 anos de guerra civil, população síria é um mosaico complexo com maioria muçulmana sunita.Um dos cantos mais entoados na Síria no momento e entre os sírios da diáspora pode ser traduzido como “Um, um, um, o povo sírio é um”. À medida que a população aceita o colapso do regime de Bashar al-Assad, há esperanças de que a paz e a estabilidade estejam chegando ao país dividido.

É impossível obter dados precisos e atuais sobre a diversidade da população da Síria. Isso se deve a uma guerra que durou mais de uma década e que, segundo observadores, pode ter chegado ao fim com a recente derrubada do ditador Assad após uma ofensiva da milícia islâmica HTS (Organização para Libertação do Levante, na sigla em árabe).

Esses números variam muito, a depender da fonte. O Escritório Central de Estatísticas da Síria informou que o país possuía 29,2 milhões de habitantes em 10 de dezembro de 2019. Já um relatório da CIA (serviço de inteligência estrangeira dos Estados Unidos) chamado de ” World Factbook” estimava uma população de 20,4 milhões, em julho de 2021. Para o Banco Mundial, havia 23 milhões de pessoas na Síria em 2023. Outras estimativas apontam para um total de 25 milhões.

Embora seja seguro presumir que a verdadeira população geral da Síria esteja em algum ponto intermediário, as enormes diferenças de medição também revelam o impacto da devastadora guerra civil, que deixou o país fragmentado.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a guerra tenha causado cerca de 600 mil mortes. Segundo ela, 6 milhões de sírios fugiram do país e cerca de 7 milhões se viram deslocados internamente.

Sunitas, xiitas e alauitas

Apesar da falta de dados demográficos confiáveis, as estimativas sobre minorias religiosas e étnicas na Síria parecem ser amplamente comparáveis.

A população da Síria é composta por cerca de 70% de muçulmanos sunitas que vivem em todo o país. Eles acreditam que o fundador do Islã, o profeta Maomé, não declarou explicitamente um sucessor.

Os muçulmanos xiitas, que representam 13% da população da Síria, acreditam que Maomé designou seu primo e genro Ali ibn Abi Talib como seu sucessor e o primeiro em uma linha de imãs hereditários.

A maioria dos muçulmanos xiitas da Síria, incluindo o líder deposto Bashar Assad, são alauitas, uma seita esotérica minoritária do Islã. Muitos dessa minoria vivem na região costeira ocidental da Síria, principalmente nas cidades de Homs e Hama.

Além dos diferentes grupos muçulmanos, a Síria também abriga minorias religiosas, como os cristãos, cujas denominações incluem ortodoxos gregos, ortodoxos siríacos, maronitas, católicos sírios, católicos romanos e católicos gregos.

Há também muitas minorias étnicas na Síria, incluindo grupos drusos, palestinos, iraquianos, armênios, gregos, assírios, circassianos, mandeus e turcomanos. A maioria deles vive em Damasco e em seus arredores.

Administração autônoma governada pelos curdos

A Administração Autônoma do Norte e Leste da Síria, governada pelos curdos, também conhecida como Rojava, abriga a maior minoria da Síria – cerca de 2,5 milhões de curdos. Alguns curdos também vivem na capital da Síria, Damasco, e em seus arredores.

Uma minoria entre os curdos são os yazidis, que vivem principalmente na província de Aleppo.

A Síria também abriga 12 campos de refugiados onde vivem atualmente 438 mil refugiados palestinos, de acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).

Uma parte considerável dos muçulmanos sunitas da Síria vive na região de Idlib, no nordeste do país, que nos últimos cinco anos se tornou o último reduto da oposição no país devastado pela guerra. Administrada pelo HTS, a região se tornou o lar temporário de cerca de 4 milhões de sunitas, cristãos e drusos deslocados.

Eles tentarão retornar a seus vilarejos e cidades originais à medida que o HTS estabelece seu domínio em todo o país.