O dólar opera em queda ao redor de 1% nesta quinta-feira, 12, cotado abaixo de R$ 5,90, após a decisão do Copom de elevar em 1 ponto percentual a taxa básica de juros e  intervenção cambial do Banco Central, com a a venda de R$ 4 bilhões em dois leilões.

Às 10h03, o dólar comercial era negociado a R$ 5,8975 na venda, em queda de 0,96%. Na mínima do dia até o momento chegou a R$ 5,894. Já o Ibovespa cedia 0,39%, a 129.085 pontos, após acumular ganho de 2,9% nos últimos três pregões. Veja cotações.

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O Banco Central acelerou o ritmo de aperto nos juros ao elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, e surpreendeu ao prever mais duas altas da mesma magnitude à frente, após citar risco de piora da dinâmica inflacionária a partir do anúncio de medidas fiscais pelo governo.

A partir do comunicado do Copom, parte do mercado passou a trabalhar com a hipótese de juros chegando a 15% em 2025.

“A elevação em 1 ponto foi já um posicionamento duro. Mas não satisfeito, o BC contratou mais duas altas de 1 ponto… Foi uma bela sinalização, um gol de placa que contrata uma valorização do real”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

“A decisão foi unânime, o que é importante para manter a credibilidade da política monetária brasileira… O BC está se esforçando bastante para alinhar as expectativas dos investidores justamente para o período em que (Gabriel) Galípolo virará o presidente da autarquia”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

A elevação da Selic aumenta o diferencial de juros do Brasil com as taxas de países com moedas fortes, como o caso dos Estados Unidos, em que o Federal Reserve está em um ciclo de afrouxamento monetário e deve reduzir os juros na próxima semana.

Nesse cenário o real fica mais atrativo para investidores estrangeiros.

Leilões do Banco Central

O Banco Central vendeu nesta quinta-feira um total de 4 bilhões de dólares em dois leilões com compromisso de recompra realizados durante a manhã, informou a autarquia em comunicado.

No leilão de linha A, que terá como data de recompra o dia 4 de fevereiro de 2025, o BC aceitou quatro propostas no valor total de 2 bilhões de dólares, a uma taxa de corte de 6,481000%.

No leilão de linha B, que terá como data de recompra o dia 2 de abril de 2025, o BC aceitou quatro propostas no valor total de 2 bilhões de dólares, a uma taxa de corte de 6,156000%.

A última vez em que o BC interveio no mercado de câmbio foi em 13 de novembro, quando também vendeu US$ 4 bilhões das reservas internacionais. Na ocasião, o leilão também ocorreu na modalidade de leilões de linha, como se chamam as vendas com compromisso de recompra.

Apesar da instabilidade dos últimos dias, a moeda norte-americana fechou com queda expressiva na quarta-feira, 11. O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 5,968, com queda de 1,3%, em meio a expectativas com a alta da Selic e com a notícia de novo procedimento médico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi a primeira vez em duas semanas em que a cotação fechou abaixo dos R$ 6.