A Prefeitura de São Paulo recuou do acordo firmado com a PepsiCo para a concessão do Largo da Batata, praça localizada no bairro de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, que passaria a exibir a marca Ruffles, o famoso salgadinho de batata fabricado pela multinacional.

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A concessão seria válida por dois anos e incluía intervenções em todo o espaço, como a instalação de pista de skate e revitalizações que envolveriam o plantio de batatas pela empresa no local que passaria a se chamar “Largo da Batata Ruffles”.

Procurada por IstoÉ Dinheiro, a Prefeitura de São Paulo afirmou que “tornou sem efeito nesta quinta-feira (12) o Termo de Doação Nº 06/SUB-PI/2024 objetivando a reanálise documental e tempo hábil para manifestação da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) a respeito da proposta de parceria para o Largo da Batata.”

No começo da noite desta sexta-feira, porém, a Prefeitura de São Paulo emitiu uma nova nota, dizendo que “todos os requisitos no processo de adoção da praça no Largo da Batata, que prevê serviços de zeladoria e a doação para o município de equipamentos como mobiliário urbano e horta, respeitaram a legislação em vigor que não exige licitação”.

A nota terminado afirmando que “a decisão de tornar o termo assinado sem efeito nesta quinta-feira foi necessária para que a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) se manifeste a respeito da proposta de comunicação visual do parceiro para o espaço.”

A marca já havia iniciado a divulgação do projeto. Na manhã desta sexta-feira, era possível ver na estação Pinheiros o anúncio publicitário que exibia a mensagem: “O Largo da Batata agora é Largo da Batata Ruffles”

Procurada, a PepsiCo afirmou que “cumpriu todos os trâmites legais e que não incorreu em nenhuma irregularidade” e que “aguarda a avaliação dos demais órgãos competentes ligados à Prefeitura para definir a continuidade da ação”.

Leia a íntegra da nota:

“A PepsiCo esclarece que o projeto de revitalização do Largo da Batata prevê melhorias e benfeitorias para o espaço público, como revitalização dos canteiros, mobiliário e jardins. Trata-se de um termo de cooperação e doação, sem necessidade de licitação ou consulta pública, que cumpriu todos os trâmites legais e que não incorreu em nenhuma irregularidade. A companhia reitera que seguiu todas as diretrizes do processo administrativo com a SubPrefeitura de Pinheiros e que a iniciativa não contempla a mudança do nome do Largo da Batata (naming rights). A PepsiCo aguarda a avaliação dos demais órgãos competentes ligados à Prefeitura para definir a continuidade da ação.”

‘Preço de banana’

Com a divulgação do acordo, a repercussão envolveu uma série de críticas nas redes sociais.

O vereador Nabil Bonduki, que também é arquiteto e urbanista, fez uma publicação em seu perfil no X na manhã desta sexta-feira, 13, criticando o projeto. Ele argumenta que o valor de R$ 1,2 milhão acordado entre as partes é “irrisório” e que o um marco da cidade foi negociado “a preço da banana”.

“A multinacional anunciou a intenção de “plantar batatas” no Largo como “presente” à população. Porém, isso levanta questionamentos sobre o uso inadequado do espaço. Marketing barato em um lugar que merece respeito e boa gestão pública!”, escreveu Bonduki.

Outro usuário do X publicou: “Parece piada de mau gosto, mas não é. Ricardo Nunes privatizou a reforma do Largo da batata pra Ruffles e agora lá vai chamar Largo da Batata Ruffles. Aliás, a gestão Nunes é uma piada de mau gosto”.

O post obteve mais de 630,4 mil visualizações e uma série de curtidas, na publicação também houve quem defendesse a ação da prefeitura com base no “dinheiro gerado para a população em troca de uma piadinha”.