19/12/2024 - 7:30
As taxas oferecidas pelos títulos do Tesouro Direto voltaram a subir em resposta ao estresse do mercado financeiro com a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) e às já conhecidas preocupações com a trajetória fiscal do País. Nesta manhã, os títulos prefixados superam os 15% ao ano, e os títulos do tipo IPCA+ pagam acima de 7% ao ano.
Em meio à escalada das taxas, é um bom momento para comprar novos títulos?
“Com todo esse estresse no mercado, é importante que o investidor fique muito atento à diversificação da carteira e a ativos de médio e longo prazo, já que podem sofrer com a marcação a mercado se as taxas continuarem subindo e podem ter deságio para a saída antecipada”, lembra Luciana Ikedo, especialista em finanças e autora do livro “Vida Financeira – Descomplicando, economizando e investindo”.
Veja o rendimento de R$ 1000 em diferentes aplicações
Descrição | Retorno em 01/01/2031 |
Tesouro Prefixado (15,18%) | R$ 2.303,56 |
LCI/LCA | R$ 1.559,79 |
Poupança | R$ 1.505,87 |
Fundo DI | R$ 1.656,11 |
CDB | R$ 1.636,70 |
Quais os riscos do Tesouro Direto Prefixado
As taxas podem ser tentadoras, mas é preciso atenção. Quem investiu nesta terça-feira, 17, R$ 1.000 no Tesouro Prefixado 2031 irá receber, no vencimento do título, R$ 2.081,35 – já descontados os impostos e taxas, segundo o próprio simulador do Tesouro Direto. Mas no meio do caminho, por causa da marcação a mercado, esse valor pode flutuar (e muito). Quem precisar do dinheiro antes do vencimento, portanto, pode ser penalizado e até ter prejuízos.
Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver, concorda que é preciso cautela. “O investidor fica muito animado ao encontrar uma taxa prefixada dessa magnitude. 15% é muito além do sonho de todo investidor – os tão desejados 1% ao mês. À primeira vista, é realmente muito tentador, mas é preciso observar outras variáveis”, lembra.
Isso porque, segundo ela, uma deterioração do cenário fiscal pode levar a Selic a patamares ainda maiores do que os 15% oferecidos, o que reduziria a atratividade da taxa prefixada oferecida hoje. “Há cerca de 15 dias, essa taxa chamou a atenção quando atingiu 14,3%, e agora alcançou 15%. Se olharmos para o passado, podemos lembrar que a taxa SELIC já chegou a 42% em 1999 e a 28% em 2004”, comenta.
E mesmo que haja a possibilidade de resgate antes do prazo de vencimento, a depender do momento do mercado, o investidor pode ter prejuízo nessa operação. Por isso, o ideal é alinhar o prazo do título com a sua necessidade de receber o dinheiro de volta. “Minha orientação é sempre observar o prazo de alocação e manter o investimento até o vencimento”, diz Gubert.
Rafael Bellas, coordenador de produtos da InvestSmart, destaca que a taxa atual pode ser interessante.“Este tipo de título garante uma taxa de retorno fixa até o vencimento, uma característica valiosa especialmente em momentos de incerteza econômica e fiscal intensa como a que vivemos atualmente”, diz. “Entretanto, é fundamental compreender que investir em Tesouro Prefixado carrega riscos significativos, como a volatilidade dos preços no mercado secundário.”, explica.
Outro risco, lembra Bellas, é a inflação, que pode corroer os ganhos do investimento. “Uma aceleração inflacionária não antecipada pode corroer o poder de compra dos rendimentos, diminuindo a efetividade deste investimento como ferramenta de proteção contra a inflação”.