18/12/2024 - 16:49
Já abalados pela cautela com o quadro fiscal doméstico, os ativos domésticos experimentaram deterioração adicional na última hora de negócios em sintonia com o aumento da aversão ao risco no exterior, após o anúncio da decisão de política monetária do Federal Reserve, o banco central norte-americano.
O dólar à vista, que era negociado na casa de R$ 6,22, ganhou ainda mais força e passou a subir mais de 2%, renovando máxima acima da linha dos 6,23. Lá fora, o índice DXY – termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes – também acelerou e atingiu novo pico, aos 107.728 pontos.
As taxas dos Treasuries trocaram de sinal e passaram a subir, enquanto as bolsas em Nova York aprofundaram as perdas e renovaram mínimas, embora recuem menos que 1%. Por aqui, os juros futuros aceleraram o movimento de alta, com as taxas avançando entre 40 e 50 pontos-base ao longo da curva. O Ibovespa renovou sucessivas mínimas, furando o piso do 122 mil pontos, com forte perdas de papéis de Petrobras, Vale e grandes bancos.
Como esperado, o comitê de política monetária do Fed (FOMC, na sigla em inglês) reduziu a taxa básica em 25 pontos-base, mas a decisão não foi unânime. Houve 11 votos a favor do corte e 1 pela manutenção.
Dirigentes do BC norte-americano revisaram para cima as projeções para núcleos de inflação e passaram a prever taxas de juros um pouco mais elevadas do que anteriormente no atual ciclo de afrouxamento monetário.
Chamou a atenção uma mudança na redação do comunicado da decisão. O Fed afirma que “ao considerar a extensão e o timing de ajustes adicionais à faixa-alvo para a taxa de fundos federais, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a perspectiva em evolução e o equilíbrio de riscos.” No comunicado divulgado há pouco, o Fomc incluiu as palavras “extensão” e “timing” ao se referir a possíveis ajustes adicionais.
Ferramenta de monitoramento do CME Group mostrou leve redução das chances de corte de juros acumulada em 50 pontos-base até maio, de 47,3% para 44,9%.
Desde a eleição do republicano Donald Trump à presidência dos EUA, há apostas de que o BC americano terá menos espaço para cortar os juros. Trump promete redução de impostos e aumento de tarifas para diversos países, o que pode resultar em pressões inflacionárias.