O dólar fechou nesta segunda-feira, 6, com queda superior a 1% ante o real, em sintonia com o cenário positivo para as moedas de países emergentes no exterior após notícia de que o governo de Donald Trump pode adotar tarifas de importação não tão elevadas nos Estados Unidos.

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Apesar do recuo no Brasil, a moeda norte-americana se manteve acima dos 6,10 reais, em uma sessão marcada por liquidez ainda reduzida neste início de ano.

O dólar à vista fechou em baixa de 1,11%, aos 6,1143 reais. Às 17h03, na B3 o dólar para fevereiro — atualmente o mais líquido — cedia 1,18%, aos 6,1415 reais.

O Ibovespa encerrou em alta nesta segunda-feira, retomando o patamar dos 120 mil pontos perdido semana passada, com a notícia de que os planos tarifários prometidos pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, podem ser mais moderados, o que também pressionou as taxas dos DIs e o dólar para baixo.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,26%, a 120.021,52 pontos, tendo marcado 120.322,11 pontos na máxima e 118.533,98 pontos na mínima da sessão. O volume financeiro somou 19,32 bilhões de reais.

O dólar no dia

Logo no início do dia os mercados globais foram impactados por reportagem, publicada no Washington Post, informando que assessores do presidente eleito dos EUA estão explorando planos tarifários que seriam aplicados a todos os países, mas que abrangeriam apenas importações críticas.

As discussões atuais estariam centradas na imposição de tarifas apenas em determinados setores considerados críticos para a segurança nacional ou econômica, disse a reportagem, citando três fontes familiarizadas com o assunto.

Em reação, o dólar cedeu ante a maior parte das demais divisas, incluindo o real, com investidores eliminando parte dos prêmios de risco incorporados às cotações no fim de 2024 em função da vitória eleitoral de Trump. Por trás do movimento estava a percepção de que um tarifário não tão rígido nos EUA seria positivo para moedas de países exportadores de commodities.

Às 10h33, na esteira da reportagem do Post, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 6,0923 reais (-1,43%).

Ainda pela manhã Trump refutou a reportagem do Post, chamando-a de “mais um exemplo de ‘fake news’”, o que fez o dólar recuperar um pouco de fôlego. Às 11h26 a moeda à vista marcou a cotação máxima de 6,1548 reais (-0,46%), mas a tendência de baixa ainda prevaleceu no restante do dia.

Operador ouvido pela Reuters pontuou que a liquidez também seguia limitada em função do início de ano, quando muito agentes seguem fora dos negócios, em férias. Sintoma disso, o dólar para fevereiro registrava pouco mais de 205 mil contratos negociados no fim da tarde — um montante normalmente atingido ainda no início da tarde, em dias normais.

Pela manhã, de volta das férias, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou, após o encontro, que não há discussão no governo que envolva mudanças no regime cambial ou aumento de impostos para conter a saída de dólares do país.

“Nós tivemos um estresse no final do ano passado, no mundo todo, tivemos um estresse também no Brasil. Hoje mesmo o presidente eleito dos Estados Unidos deu declarações moderando determinadas propostas feitas ao longo da campanha, é natural que as coisas se acomodem”, disse Haddad. “Mas não existe discussão de mudar regime cambial no Brasil, nem de aumentar imposto com esse objetivo”, acrescentou.

Às 17h06, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,67%, a 108,230.

O dia do Ibovespa

O dia marcou ainda a entrada em vigor da nova carteira teórica do Ibovespa, que adiciona as ações da Marcopolo e da Porto Seguro enquanto retira os papéis da Eztec e da Alpargatas. Ela permanece em vigor até 2 de maio.

DESTAQUES

– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 4,49%, principal contribuição positiva para o Ibovespa, em dia de destaque para bancos, enquanto BRADESCO PN avançou 1,96%, SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 2,48% e BANCO DO BRASIL ON valorizou-se 0,93%. Ainda no setor, BTG PACTUAL UNIT encerrou com alta de 3,6%, tendo como pano de fundo notícia publicada no jornal O Globo de que a empresa anunciará nesta semana a compra da unidade brasileira do banco suíço Julius Baer em uma transação de cerca de 1 bilhão de reais.

– VALE ON caiu 1,28%, acompanhando sessão de queda para os preços do minério de ferro na China. O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com perda de 2,21%, a 751,5 iuanes (102,54 dólares) a tonelada, fechando no nível mais fraco desde 19 de novembro.

– PETROBRAS PN perdeu 0,47%, na esteira do declínio de 0,27% do petróleo Brent, a 76,30 dólares por barril. A estatal lançou nesta segunda-feira sua primeira chamada pública para a aquisição de biometano, à medida que busca incentivar o mercado do insumo renovável. Ainda no setor, BRAVA ENERGIA ON perdeu 0,22%, embora PRIO ON tenha avançado 0,89%. A Prio, ao comunicar alteração de participação acionária relevante na sexta-feira, disse que o Goldman Sachs detém 4,95% em posição de derivativos na empresa.

– ENEVA ON fechou com alta de 5,86%, após o Ministério de Minas e Energia alterar portaria com as regras para a realização de um leilão de reserva de capacidade, permitindo que termelétricas existentes possam disputar contratos com entrega de energia em 2028, 2029 e 2030. A alteração beneficia a Eneva, uma vez que, pelas regras anteriores, a companhia estava impossibilitada de tentar a recontratação de usinas do complexo Parnaíba.

– MARCOPOLO PN avançou 1,5% e PORTO SEGURO ON subiu 4,03%, após inclusão dos papéis na nova carteira do Ibovespa.

– SABESP ON subiu 1,33%, a 88,07 reais, com o BofA elevando nesta segunda-feira o preço-alvo para a ação a 116 reais, de 115 reais anteriormente, e reiterando recomendação de “compra” após mudanças na regulamentação de tarifas.

– AZUL PN disparou 14,67%, em seu sexto pregão consecutivo positivo, enquanto a GOL PN, que não está no Ibovespa, saltou 13,77%, quinta sessão seguida de alta. Ambas as companhias aéreas anunciaram na semana passada acordos para renegociação de débitos com a União, com redução das dívidas em cerca de 5,8 bilhões de reais no total, conforme informado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional na sexta-feira.