O sonho de sair da pobreza. O sonho da casa própria. O sonho do primeiro universitário na família. O sonho do primeiro emprego. Nos dois primeiros mandatos, sonhos como esses pautaram o diálogo do presidente com os brasileiros. E, embalados pela perspectiva de realização desses sonhos, eles se manifestaram nas urnas e nas pesquisas de opinião. A avaliação é do especialista em consumo e opinião pública, Renato Meirelles, para quem, no seu terceiro mandado, o presidente Lula é o maior culpado pelos erros de comunicação justamente porque ele não sabe dialogar com a prosperidade que ele mesmo ajudou a construir.

“De qual futuro o presidente Lula fala? Qual a promessa que tem para os brasileiros fora a picanha e a cerveja que ele prometeu durante a campanha”, questiona Renato, presidente do Instituto Locomotiva e um dos maiores pesquisadores do país sobre o perfil dos consumidores, especialmente entre as classes média, C e D. Para ele, “a régua de qualidade de vida das pessoas mudou e governo não se deu conta disso”.

Presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles – Crédito: Reprodução/Instituto Locomotiva

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Renato argumenta que pessoas saíram da pobreza, as classes C e D evoluíram e, hoje, querem muito mais. “A culpa dos erros de comunicação é do governo. O maior problema de comunicação do governo é do presidente Lula”, alerta. “O presidente fala em aumento do salário-mínimo, só que a população não quer mais ganhar o mínimo, assim como a lógica do emprego formal, da carteira assinada também não é a mesma coisa num mundo em que as pessoas querem empreender”.

Para o especialista, é um erro o presidente achar que está falando com as mesmas pessoas de 20 anos atrás, quando tem que dialogar com a segunda geração do Lula-1. “O modelo de pensamento do governo sobre questões importantes para as pessoas na atualidade é o de 20 anos”, diz. Com isso, avalia, criou-se o que se chama de a tempestade perfeita. De um lado, há um governo com dificuldade em se comunicar e, do outro, a população que mudou o que quer ouvir.

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