O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, acelerou para 0,52% em dezembro, ante 0,39% em novembro, e fechou o ano de 2024 a 4,83%, informou nesta sexta-feira, 10, o IBGE.

Com isso, a inflação fechou o ano acima do teto da meta estabelecida. O centro da meta oficial para a inflação em 2024 era de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Ou seja, o teto da meta para o ano é 4,5%.

Em 2023, o IPCA ficou em 4,62%, dentro do intervalo permitido pela meta de inflação, que era de 4,75%. A inflação de 2024 foi a mais alta desde 2022, quando fechou a 5,79%.

O resultado de 2024, porém, veio um pouco abaixo do esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,57% no mês, acumulando em 12 meses alta de 4,88%.

Evolução do IPCA acumulado em 12 meses

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve passou de 58% em novembro para 69% em dezembro, o maior patamar do ano.

“O que vai acontecer agora é que o novo presidente do Banco Central, o Gabriel Galipolo, vai ter que explicar, vai ter que fazer uma carta oficial para o Congresso sobre por que os preços ficaram fora desse objetivo que o Banco Central tem”, explica Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.

Desde que o regime de metas de inflação foi adotado no Brasil em 1999, essa é a oitava vez que ao objetivo foi descumprido, depois de 2022, 2021, 2017, 2015, 2003, 2002 e 2001.

Os vilões da inflação em 2024

Os maiores impactos sobre a inflação de 2024 vieram do grupo Alimentação e Bebidas, que acumulou alta de 7,69% em 12 meses e contribuiu com 1,63 pontos percentuais para o IPCA do ano. Além disso, as elevações acumuladas nos preços dos grupos Saúde e cuidados pessoais (6,09%) e Transportes (3,30%) também tiveram impactos significativos (de 0,81 p.p. e 0,69 p.p., respectivamente) sobre o IPCA do ano. Juntos, esses três grupos responderam por cerca de 65% da inflação de 2024.

A gasolina exerceu o maior impacto individual sobre a inflação de 2024acumulando alta de 9,71% no ano. Em segundo lugar, veio o subitem plano de saúde, que subiu 7,87% em 12 meses. A seguir, veio o subitem refeição fora do domicílio, que acumulou alta de 5,70% em 12 meses.

Outro destaque de alta foi o café moído, que exerceu o quarto maior impacto individual sobre a inflação do ano passado, e acumulou alta de 39,6% em 2024.

Por outro lado, itens como passagens aéreas, ajudaram a puxar o IPCA do ano para baixo, com queda acumulada de 22,20% em 2024. Outros destaques de queda foram o tomate e a cebola fecharam o ano acumulando queda de preços de 25,86% e 35,31%, respectivamente.

“O resultado mostra que a taxa Selic deve continuar em alta, mas não há por ora motivo para acreditar em altas adicionais que as já anunciadas. A economia tem que desacelerar e acomodar os salários. Está é a única variável que importa neste momento para o mercado”, avaliou o economista André Perfeito.

O mercado financeiro estima inflação de 4,99% em 2025 e Selic chegando a 15%, segundo o último boletim Focus.

A partir de 2025 será adotada uma meta contínua de inflação, prevendo que o BC deverá se explicar ao governo se o alvo for descumprido por seis meses consecutivos. Além das causas e medidas necessárias para assegurar a convergência da inflação para dentro dos limites da meta, o BC terá que estipular também o prazo esperado para que essas ações produzam efeito.

INPC fecha o ano em 4,77%

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com renda de até cinco salários mínimos e é usado como referência para reajuste das aposentadorias acima do salário mínimo, fechou 2024 a 4,77%.