16/01/2025 - 10:22
Após oscilar abaixo dos 6,00 reais durante a manhã, o dólar se recuperou e fechou a quinta-feira em alta, acima dos 6,05 reais, em sessão marcada pela realização de lucros generalizada nos mercados brasileiros, ainda que no exterior a moeda norte-americana tenha recuado ante boa parte das demais divisas.
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O dólar à vista fechou em alta de 0,50%, aos 6,0551 reais. Em janeiro, porém, a moeda ainda acumula baixa de 2,01%. Às 17h03 na B3 o dólar para fevereiro — atualmente o mais líquido — subia 0,65%, aos 6,0725 reais.
O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, refletindo ajustes após três sessões positivas, com o avanço nas taxas dos DIs pressionando ações de setores cíclicos e o recuo do petróleo enfraquecendo Petrobras, enquanto Azul e Gol foram destaques positivos após anúncio de potencial fusão entre as companhias.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,15%, a 121.234,14 pontos, tendo marcado 120.796,4 pontos na mínima e 122.659,7 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou 30,3 bilhões de reais.
Até ontem, o Ibovespa acumulava uma alta de mais de 3% na semana, sendo que apenas na véspera fechou com elevação de 2,8%.
O dólar no dia
No início da sessão, a divisa dos EUA chegou a oscilar em baixa, acompanhando o leve recuo das cotações visto também no exterior, onde investidores ponderavam a divulgação de dados econômicos antes da posse do presidente eleito Donald Trump, na próxima segunda-feira.
No melhor momento, às 9h34, o dólar à vista foi cotado na mínima de 5,9962 reais (-0,48%).
“O dia começou com o dólar em queda, chegando a bater abaixo de 6,00 reais, na mínima, mas neste momento surgiu a pressão de importadores, puxando as cotações (para cima)”, comentou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.
Na prática, como em sessões anteriores, importadores e outros agentes aproveitaram as cotações mais baixas para comprar dólares, impulsionando as cotações, em meio à percepção de que o cenário fiscal brasileiro ainda não dá margem para um dólar abaixo dos 6,00 reais.
Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram ainda que parte dos investidores aproveitou a quinta-feira para realizar os lucros recentes no câmbio, vendendo reais, em movimento que esteve em sintonia com a realização na bolsa de ações — onde o Ibovespa caía mais de 1% — e no mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros).
Neste cenário, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de 6,0718 reais (+0,78%) às 15h57.
No exterior, a moeda norte-americana se mantinha em baixa ante boa parte das demais no fim da tarde, com investidores acertando posições antes da posse de Trump, na segunda-feira. Às 17h12, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,04%, a 108,990.
Pela manhã, o Banco Central vendeu 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de fevereiro de 2025.
O dia do Ibovespa
Na visão do head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, Anderson Silva, a performance do Ibovespa refletiu um movimento de realização de lucros.
Ele acrescentou que o viés na bolsa paulista permanece de baixa. “Ainda enfrentamos questões internas que precisam ser resolvidas; é necessário ‘fazer o dever de casa’ para voltarmos a atrair recursos do investidor estrangeiro, que é o principal motor de movimentação do mercado”, afirmou.
Nos Estados Unidos, os principais índices acionários fecharam em queda, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro avançaram, em sessão marcada por dados da economia norte-americana, enquanto agentes financeiros continuam à espera da posse do presidente eleito Donald Trump na próxima semana.
DESTAQUES
– AZUL PN subiu 3,63%, após a companhia aérea e a Abra Group, controladora da rival Gol, anunciarem na noite da véspera memorando de entendimentos não vinculante para potencial união dos negócios no Brasil, que formaria uma gigante do setor. GOL PN, que não faz parte do Ibovespa, avançou 4,29%.
– PETROBRAS PN cedeu 0,64%, acompanhando o movimento dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou com declínio de 0,9%, a 81,29 dólares.
– VALE ON subiu 0,13%, em sessão marcada pela venda de ações da mineradora detidas pela Cosan por meio de um “block trade”. A operação envolveu 173.073.795 papéis e somou cerca de 9 bilhões de reais. Os recursos serão usados para abater a dívida da Cosan. COSAN ON avançou 0,58%.
– MAGAZINE LUIZA ON caiu 6,75%, pressionada pela alta nas taxas dos contratos de DI, que pressionou papéis de outras empresas sensíveis à economia doméstica. O índice do setor de consumo fechou em baixa de 3,05%, enquanto o do setor imobiliário perdeu 2,29%.
– ITAÚ UNIBANCO PN encerrou com decréscimo de 0,31%, após forte valorização na véspera, em dia sem tendência única no setor. BRADESCO PN caiu 0,85%, enquanto BANCO DO BRASIL ON valorizou-se 0,44% e SANTANDER BRASIL UNIT subiu 0,32%.
– SÃO MARTINHO ON perdeu 8,07%, tendo também como pano de fundo relatório do UBS BB cortando o preço-alvo dos papéis de 35 para 30 reais, embora os analistas tenham mantido a recomendação de compra para as ações.