17/01/2025 - 11:53
A economia da China cresceu 5% em 2024, um dos crescimentos mais baixos em décadas, em uma economia sobrecarregada pelo fraco consumo e por uma prolongada crise imobiliária.
O Gabinete Nacional de Estatísticas anunciou, nesta sexta-feira (17), um crescimento do Produto Interno Bruto de 5% no ano passado, ligeiramente abaixo dos 5,2% em 2023.
Embora atinja a meta de crescimento de “cerca de 5%” definida pelas autoridades, é o pior desempenho da economia chinesa desde 1990, se deixar de lado os anos de pandemia.
Segundo analistas consultados pela AFP, essa desaceleração continuará nos próximos dois anos, com crescimento de 4,4% em 2025 e uma queda abaixo de 4% no ano seguinte.
Esse desenvolvimento ocorre “em uma situação séria e complicada, na qual as pressões externas e as dificuldades internas aumentam”, disse a agência estatística.
“Os efeitos adversos causados pela conjuntura externa estão aumentando, a demanda interna é insuficiente, algumas empresas têm problemas de produção e operação, e a economia ainda enfrenta dificuldades e desafios”, disse.
A segunda maior economia do mundo não conseguiu se recuperar da pandemia, apesar do levantamento das medidas restritivas contra a covid-19 que prejudicaram a atividade durante anos.
O consumo interno não se recupera, a crise no crucial setor imobiliário continua e os governos locais se afundam em dívidas.
Em uma rara notícia positiva, os dados oficiais desta semana mostraram que as exportações da China atingiram um recorde no ano passado.
No entanto, a sombra das tarifas prometidas por Donald Trump quando tomar posse como presidente dos EUA na semana que vem ameaça esse pilar da economia chinesa.
– “Crise de confiança” –
As autoridades introduziram uma série de medidas nos últimos meses para impulsionar a economia, incluindo cortes de taxas, flexibilização da dívida para governos locais e subsídios para a moradia.
O banco central do país indicou recentemente que os cortes nas taxas de juros continuarão até 2025 sob uma nova política monetária “moderadamente flexível”.
Mas analistas alertam que mais esforços são necessários para impulsionar o consumo interno, especialmente devido às nuvens escuras que pairam em Washington sobre o comércio exterior.
“É improvável que o apoio da política monetária por si só consiga consertar a economia”, disse Harry Murphy Cruise, da Moody’s Analytics, à AFP.
“A China sofre uma crise de confiança, não de crédito. Famílias e empresas não confiam na economia o suficiente para pegar empréstimos, não importa o quão barato seja”, disse ele.
Dados publicados pelo Gabinete Nacional de Estatística confirmam o problema do consumo interno.
As vendas no varejo, um indicador-chave do sentimento do consumidor, cresceram 3,5% em 2024, um declínio significativo em relação aos 7,2% do ano anterior.
A produção industrial, por outro lado, melhorou de 4,6% em 2023 para 5,8% no ano passado.