O dólar fechou nesta segunda-feira, 20, em baixa ante o real, acompanhando o recuo firme da moeda norte-americana no exterior, após notícias de que Donald Trump não imporá novas tarifas de importação em seu primeiro dia na Presidência dos Estados Unidos.

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Dois leilões de dólares realizados pelo Banco Central pela manhã também contribuíram para a queda das cotações no Brasil, com agentes do mercado especulando que a política de intervenções pode ter mudado com Gabriel Galípolo agora no comando do BC.

O dólar à vista fechou em queda de 0,38%, aos 6,0420 reais. Em janeiro, a moeda acumula baixa de 2,22%. Às 17h03 na B3 o dólar para fevereiro — atualmente o mais líquido — cedia 0,46%, aos 6,0590 reais.

O dólar no dia

As atenções se voltam nesta segunda para o início do novo governo Trump nos EUA, com ampla expectativa entre investidores para o discurso a ser proferido pelo presidente eleito na posse e a assinatura de uma série de decretos que buscarão estabelecer a marca da nova gestão já no primeiro dia do mandato.

Duas fontes familiarizadas com o assunto indicaram que Trump deve assinar nesta segunda mais de 100 decretos sobre uma diversidade de temas, que vão desde controle rígido à imigração até a abertura de novas fronteiras para a exploração de petróleo e, possivelmente, a imposição de tarifas de importação.

Uma matéria do The Wall Street Journal indicou mais cedo que Trump divulgará um memorando nesta segunda instruindo as agências a investigarem os déficits comerciais e as práticas comerciais injustas, mas não adotará novas tarifas em seu primeiro dia no cargo.

Uma vez que analistas apontam que as tarifas têm potencial inflacionário, o que forçaria o Federal Reserve a manter a taxa de juros em um patamar elevado e favoreceria o dólar, a moeda norte-americana passou a recuar amplamente nos mercados globais após a publicação da reportagem.

A repercussão mais ampla dos anúncios de Trump, no entanto, só deve ser conhecida na terça-feira, uma que vez os mercados dos EUA estão fechados devido ao feriado do Dia de Martin Luther King Jr.

“Agenda está relativamente tranquilo, não há outros fatores além da posse do Trump e dos leilões do Banco Central. Decretos de Trump podem ter impacto no dólar, mas como ele fala bastante, parte já está precificado”, disse Tiago Feitosa, fundador da T2 educação.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,97%, a 108,270.

Na cena doméstica, agentes financeiros repercutiam dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) realizados pelo BC durante a manhã, no que foi a primeira intervenção cambial desde o início do mandato do novo presidente da autarquia, Gabriel Galípolo.

O BC vendeu um total de 2 bilhões de dólares nas duas operações. No leilão de linha A, que terá como data de recompra o dia 4 de novembro de 2025, o BC aceitou três propostas no valor total de 1 bilhão de dólares.

No leilão de linha B, que terá como data de recompra o dia 2 de dezembro de 2025, o BC aceitou duas propostas no valor total de 1 bilhão de dólares.

A autarquia costuma realizar leilões de linha nos finais de ano para atender à demanda por moeda para envio ao exterior. Nesse sentido, a autoridade monetária vendeu um total de 32,6 bilhões de dólares em dezembro, considerando operações de linha e de venda de moeda sem compromisso de recompra.