Em suas últimas horas como presidente dos EUA, democrata tenta blindar agentes públicos contra eventual retaliação de sucessor no contexto da tentativa de fraude às eleições de 2020 e do combate à covid-19.Em suas últimas horas como presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden perdoou preventivamente nesta segunda-feira (20/01) agentes públicos a quem Donald Trump havia prometido retaliar por causa da pandemia de covid-19 e da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Entre os beneficiários estão o ex-chefe do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, e a ex-congressista republicana Liz Cheney, bem como outros parlamentares atuantes no comitê que investigou a invasão do Capitólio por apoiadores de Trump, assim como policiais que testemunharam sobre o episódio.

Em seu relatório final, o comitê concluiu que Trump engajou-se de forma criminosa numa conspiração para tentar invalidar os resultados legítimos da eleição de 2020, e que também errou ao não deter apoiadores que atacaram o Capitólio.

Trump, que é empossado nesta segunda-feira, tem pedido desde que ganhou a eleição que seus desafetos sejam investigados e processados.

“Esses servidores públicos serviram nossa nação com honra e distinção, e não merecem ser alvos de processos injustificados e de motivação política”, disse Biden em comunicado.

“Essas são circunstâncias excepcionais, e eu não posso não fazer nada”, justificou. “Investigações sem fundamento e de motivação política destroem as vidas, a segurança e a segurança financeira de indivíduos afetados e de suas famílias.”

Biden insistiu que os perdões não devem ser confundidos com uma admissão de que os agraciados tenham feito algo errado ou sejam culpados de algum crime.

Médico que coordenou resposta dos EUA à pandemia também foi perdoado

Outro beneficiário do perdão é o ex-conselheiro de saúde da Casa Branca Anthony Fauci, que despertou frequentemente a ira de Trump durante a pandemia de covid-19, por defender medidas de controle sanitário e a vacinação, e refutar alegações infundadas de Trump sobre a doença.

Fauci dirigiu por quase 40 anos o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas no Instituto Nacional de Saúde e aconselhou Biden até se aposentar em 2022. Ele ajudou a coordenar a reação dos EUA à pandemia.

O perdão presidencial veio após a imprensa noticiar a existência de uma lista de desafetos de Trump que bloquearam seu caminho na política ou que tentaram responsabilizá-lo pelos eventos de 6 de janeiro de 2021 e pela tentativa de fraude às eleições.

A medida de Biden foi logo criticada por Trump e aliados, incluindo a deputada Marjorie Taylor Greene, que atribuiu o perdão a “crimes” que esses agentes teriam cometido.

ra (Reuters, AP, AFP)