20/01/2025 - 23:51
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, nesta segunda-feira (20), que espera impor tarifas alfandegárias de 25% a seus parceiros comerciais México e Canadá a partir de 1º de fevereiro, após um discurso nacionalista ao ser empossado no cargo.
Desde a sua vitória nas urnas, em novembro passado, o republicano tem mirado tanto em aliados quanto em adversários, levantando a perspectiva de novas tarifas para pressionar outros países a tomar medidas mais duras diante das preocupações dos Estados Unidos.
Nesta segunda-feira, Trump acusou o Canadá e o México de não conterem a imigração ilegal e a entrada de narcóticos nos Estados Unidos, duas de suas principais bandeiras.
“Estamos pensando em termos de 25% para México e Canadá, pois estão permitindo um enorme número de pessoas. O Canadá também abusa fortemente – grandes quantidades de gente vindo e de fentanil chegando”, disse Trump em mensagem no Salão Oval da Casa Branca.
Antes do seu retorno à Casa Branca, Trump havia prometido impor tarifas de 25% sobre as importações canadenses e mexicanas, caso não fizessem mais em relação à imigração ilegal e ao fluxo de fentanil para os EUA.
O republicano antecipou, nesta segunda, que prevê impor as tarifas a partir de 1º de fevereiro.
México e Canadá são parceiros dos Estados Unidos no acordo de livre-comércio da América do Norte, assinado no primeiro mandato de Trump, para suceder o Nafta.
“Começarei imediatamente a reformular nosso sistema comercial, para proteger os trabalhadores americanos e suas famílias”, afirmou Trump mais cedo. “Em vez de tributar nossos cidadãos para enriquecer outros países, cobraremos tarifas e impostos de países estrangeiros para enriquecer nossos cidadãos”, declarou.
A zona do euro, que exporta mais produtos para os Estados Unidos do que importa, também está na mira dos republicanos. A União Europeia “está disposta a defender seus interesses econômicos”, se necessário, anunciou nesta segunda-feira o comissário europeu de Economia, Valdis Dombrovskis, ressaltando que um potencial conflito comercial teria “um custo econômico substancial para todos, incluindo os Estados Unidos”.
Enquanto isso, a ministra canadense das Relações Exteriores, Melanie Joy, afirmou que Ottawa trabalhará para garantir estar preparada para responder às políticas comerciais americanas.
– “Eficiência governamental” –
Durante a campanha eleitoral, Trump também lançou a ideia de impor tarifas muito mais altas às importações chinesas, mas se absteve hoje de revelar novas tarifas a serem aplicadas a produtos importados quando um comprador americano adquiri-los no exterior.
O Wall Street Journal apontou hoje que o presidente poderia se abster de impor novas tarifas no primeiro dia do seu segundo mandato para priorizar o lançamento de investigações sobre as relações comerciais com China, Canadá e México, como passo prévio a futuros aumentos.
Em seu discurso, Trump reiterou seu plano de criar um “Serviço de Receita Externa” para coletar tarifas e impostos de importação, juntamente com a criação de um “Departamento de Eficiência Governamental” destinado a cortar os gastos públicos federais.
O secretário de Comércio nomeado por Trump, Howard Lutnick, deu indicações hoje para empresas estrangeiras sobre uma saída para as barreiras tarifárias: “A única coisa que podem fazer é construir fábricas nos Estados Unidos e contratar americanos com salários muito bons.”
Trump também assinou, nesta segunda, uma diretriz para que todas as agências federais “abordem a crise do custo de vida, que tanto tem afetado os americanos”, ao pedir medidas para reduzir o custo da habitação, entre outras.
– Consequência –
Por se tratarem de países que são fornecedores importantes de bens para os Estados Unidos, especialistas esperam que as novas tarifas tenham um efeito inflacionário, uma ideia que tanto Trump quanto seus assessores descartam. Já as empresas americanas esperam represálias dos países afetados, que puniriam suas próprias exportações.
Donald Trump também ameaçou o Brics – grupo fundado por Brasil, Rússia, Índia e China e que hoje inclui uma dezena de nações – com tarifas de 100% se ameaçassem o domínio do dólar.
Um dos assessores econômicos mais antigos de Trump, Stephen Moore, descartou em entrevista à AFP o impacto inflacionário da medida, que buscarão compensar com cortes de impostos previstos pelo novo governo.
“Os produtos fabricados nos Estados Unidos terão menos impostos. Os da China terão mais. Quando o equilíbrio for feito, poderá haver alguns aumentos de preços, mas não um aumento global”, declarou.
A Casa Branca anunciou hoje que todas as agências do governo vão tomar “medidas de emergência para reduzir o custo de vida”.