Indefinição política no país antes das eleições gerais e incertezas econômicas geradas após a volta de Donald Trump à Casa Branca derrubam prognóstico anterior. Economia deve crescer apenas 0,3%.O governo da Alemanha reduziu drasticamente sua previsão de crescimento da economia para 2025. A produção econômica do país deve crescer apenas 0,3% este ano, segundo relatório anual do Ministério da Economia publicado nesta quarta-feira (29/09). Há três meses, a pasta previa um crescimento de 1,1%.

O ministro alemão da Economia, Robert Habeck, atribuiu o prognóstico mais pessimista para a maior economia da Europa ao “alto grau de incertezas” diante das políticas econômicas e comerciais dos Estados Unidos após a posse do presidente Donald Trump, bem como à situação política na Alemanha.

Ele também afirmou que o colapso da coalizão governista, que levou à antecipação das eleições gerais no país, forçou a suspensão de boa parte das medidas previstas para impulsionar o crescimento.

Para Habeck – candidato a chanceler federal pelo Partido Verde nas eleições em 23 de fevereiro –, o quadro mais pessimista se deve principalmente à “falta de mão de obra e de trabalhadores qualificados, à burocracia excessiva” e aos “fracos investimentos”. “As pontes que estão literalmente desmoronando são um sinal de alerta”, explicou o ministro, aludindo à má situação da infraestrutura em partes da Alemanha.

O relatório anual prevê que consumo privado na Alemanha provavelmente sofrerá com as incertezas políticas no início de 2025, mas deverá ganhar força a partir de meados de marco, após a formação do novo governo. “No geral, podemos esperar um aumento moderado no consumo de 0,5% este ano em comparação ao ano anterior”, diz o documento.

O governo espera estímulos para a indústria, entre outras coisas, resultantes do financiamento especial do governo federal para as Forças Armadas alemãs. No entanto, é esperado uma queda adicional nos investimentos em construção e nas exportações, que também devem continuar a perder força.

O governo espera ainda um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,1% no segundo semestre.

China e efeito Trump

O relatório destaca que as tarifas de importação anunciadas por Trump aumentaram significativamente os riscos no comércio exterior, o que deve ocasionar uma queda leve nas exportações.

Além dos EUA, o relatório faz referência à China, um antigo e importante destino das exportações alemãs em setores essenciais, como engenharia automotiva e mecânica, que vem se tornando cada vez mais uma concorrente “também com a ajuda de subsídios estatais”.

O governo espera que a inflação atinja um índice de 2,2% este ano, puxada principalmente por impostos pela emissão de CO2, e pelo aumento de tarifas dos correios e do transporte público. O relatório, porém, não prevê novos aumentos nos preços de energia.

De acordo com a previsão, o crescimento do emprego, que conseguiu se manter estável durante anos, deverá chegar ao fim. “Um aumento do emprego no setor dos serviços sociais deverá ser compensado inicialmente por uma nova redução no setor de manufatura.”

Apesar da escassez de trabalhadores qualificados, espera-se que o desemprego aumente, atingindo 120 mil pessoas devido a uma “incompatibilidade de qualificações entre oferta e demanda de mão de obra”.

rc/ra (DPA, AFP)