O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira, 29, pelo aumento de 1 ponto percentual (p.p.) na taxa básica de juros, elevando a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano. O aumento já era esperado pelo mercado desde o comunicado de dezembro do ano passado e não deve parar por aí. 

A Selic chegou ao seu maior valor desde setembro de 2023, quando baixou de 13,25% para 12,75% ao ano. Foi o quarto aumento consecutivo da taxa.

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A reunião de janeiro foi a primeira com Gabriel Galípolo como presidente do Banco Central, após o encerramento do mandato de Roberto Campos Neto. A decisão foi por unanimidade.

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, afirmou o comunicado.

O aumento já era esperado pelo mercado e o ciclo de alta de juros deve seguir. A expectativa é que na próxima reunião, marcada para o dia 19 de março, deva acontecer mais um aumento de 1 pp por conta do ambiente fiscal incerto. O mercado prevê que a taxa básica de juros deva terminar 2024 em 15%.

Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, reforçou que o tom do comunicado está em linha com o que foi publicado após a última reunião, no fim de dezembro. “Confirmam mais uma alta para março, e a partir daí deixam em aberto, o que é bom, porque até lá pode acontecer muita coisa para depois de março”, apontou.

Já o economista André Perfeito acredita que a próxima alta pode ser a última do ano. “A Selic neste patamar irá fazer que o PIB retraia e assim o mercado revise suas projeções de atividade e por conseguinte de inflação”, apontou.

Veja a íntegra do comunicado do Copom. 

A taxa de juros é um instrumento de política monetária que impacta na inflação, em geral, e se usa em dosagens para tentar conter o avanço de preços que pode refletir no bom andamento da economia do país. A meta de inflação definida para 2025 é de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 p.p. para mais (4,5%) ou para menos (1,5%).  

Segundo Marcio Saito, CFO da EntrePay, a nova alta nos juros faz parte de esforços para combater a inflação persistente, mas acaba por impor desafios significativos ao setor produtivo e ao consumo interno. “O encarecimento do crédito dificulta o acesso a financiamentos, o que impacta a capacidade de investimento, principalmente em setores como a indústria, que enfrenta ainda a pressão de um câmbio desfavorável”.

O Boletim Focus desta semana, documento semanal do Banco Central com as projeções do mercado para a economia, aponta para uma inflação anual maior que nas edições anteriores, de 5,5% contra 5,08% na semana passada. Para 2026, a projeção também subiu e passou de 4,1% para 4,22%.

Projeções de inflação do Copom no cenário de referência

Variação do IPCA acumulada em quatro trimestres (%)

Índice de preços20253º tri 2026
IPCA5,24
IPCA livres5,23,8
IPCA administrados5,24,6