29/01/2025 - 17:59
Presidente do Banco Central (BC) nos dois primeiros governos de Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2010, Henrique Meirelles recomendou que Gabriel Galípolo, atual ocupante do posto, mantenha uma “distância técnica” do presidente da República.
Ao participar de um painel do Latin America Investment Conference (LAIC), evento do UBS BB, Meirelles disse perceber uma preocupação do mercado com a proximidade entre Galípolo e Lula, o que contribui para levantar dúvidas sobre o compromisso da autarquia em fazer o que for preciso para levar a inflação em direção à meta de 3%.
Para Meirelles, Galípolo deve evitar a participação em muitas reuniões com ministros do governo, uma vez que isto ajuda a fortalecer entre agentes do mercado a percepção de proximidade com o Executivo, influenciando as expectativas. “Acho que é importante uma distância técnica … É necessário manter uma distância respeitosa e técnica da presidência da República”, afirmou.
Ele defendeu que a Selic continue subindo até o BC garantir a credibilidade. “Se não for suficiente, sobe mais, mesmo que depois tenha que cortar.” Para o ex-presidente do BC, a autoridade monetária tem totais condições técnicas de fazer com que a inflação caia para a meta de 3%.
Porém, ponderou, o mercado precisa acreditar que as ações do BC são efetivas e que a inflação vai “de fato” convergir.
Para tanto, disse Meirelles, o BC tem que “se impor” com medidas concretas e técnicas, demonstrando claramente que a perseguição da meta não é retórica. “No momento em que faz isso, o BC ganha a guerra das expectativas”, concluiu.