30/01/2025 - 14:43
Em meio a especulações sobre possíveis aumentos do preço do diesel por parte da Petrobras, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, braço do fundo de investimento árabe Mubadala, reduziu na quinta-feira, 29, o preço da gasolina e do diesel, seguindo a queda do petróleo no mercado internacional.
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O preço do diesel teve queda de 5% em relação à semana anterior, e o da gasolina de 2,6%.
Mataripe segue o preço de paridade de importação (PPI), e antes do ajuste tinha preços praticamente equiparáveis aos valores praticados no mercado internacional.
Com o movimento, a defasagem de preços da principal refinaria privada do País passou a ser de 5% para o diesel e de 3% para a gasolina.
Mataripe é a segunda maior refinaria do Brasil e representa 14% da capacidade total de refino do país, sendo 42% do Nordeste e 80% da Bahia.
Os repasses de ajustes de preços do diesel das refinarias vendido a distribuidoras não são imediatos e dependem de uma série de questões, como impostos, mistura de biodiesel e margens de distribuição e revenda.
Sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo afirmou à Reuters que o movimento já era esperado, uma vez que a Acelen costuma estar alinhada aos preços praticados no exterior.
“Uma vez que você observa que tanto o barril de petróleo, e naturalmente os refinados, sofreram uma redução de preço no mercado internacional, juntamente com a apreciação do câmbio, isso acaba incidindo na precificação da Acelen, porque ela acaba buscando seguir a paridade internacional”, afirmou Melo.
Cenário brasileiro
O corte de preços da Acelen vem justamente após algumas notícias na mídia nesta semana afirmando, com base em fontes não identificadas, que a Petrobras iria elevar o valor do diesel em suas refinarias, que está estável desde dezembro de 2023. Até o momento, nenhum movimento foi anunciado pela estatal, no entanto.
A Petrobras adota atualmente uma estratégia comercial que visa evitar repassar volatilidades internacionais ao mercado interno, considerando também seus ativos, logística e cotações internacionais, além de questões relacionadas a participação de mercado, segundo a empresa.
Em nota separada também nesta quinta-feira, a Acelen afirmou que a política de preços da Petrobras afeta todo o mercado de refino privado brasileiro.
“Para enfrentar tamanha defasagem, a Acelen precisa exportar combustíveis, uma vez que os preços do mercado interno estão represados já há algum tempo em função da política de preços de combustíveis da estatal”, disse a Acelen, que evitou dar mais detalhes sobre os volumes exportados.
A manutenção de preços da Petrobras por um longo período também tem gerado críticas da Refina Brasil, entidade que representa as refinarias privadas no país. Nesta semana, o grupo mandou uma nota à imprensa onde afirmou que a defasagem de preços da Petrobras com o mercado externo “afeta diretamente a competitividade do setor de refino privado, inviabilizando investimentos e distorcendo o equilíbrio de mercado”.