31/01/2025 - 12:48
A diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman, alertou para a necessidade de clareza do impacto da política econômica do novo governo de Donald Trump nos Estados Unidos antes de alterar, novamente, as taxas de juros. “Será muito importante ter uma melhor noção das políticas reais e de como serão implementadas, além de maior confiança sobre como a economia responderá”, acrescentou.
Durante evento, Bowman afirmou que futuros cortes de taxas serão “graduais”, sendo a inflação uma das maiores incertezas para a definição dos juros em futuras reuniões. “Ainda há trabalho a ser feito para a inflação chegar à meta dos 2%. Gostaria de ver progresso na redução da inflação antes de fazermos novos ajustes na faixa de meta [de inflação]”, disse.
Nesta semana, o presidente do Fed, Jerome Powell, informou que o BC norte-americano já iniciou debates para revisão de sua política, a ser finalizada ainda neste ano, e que a meta de inflação em 2% ao ano será mantida.
Segundo Bowman, ainda existem riscos para uma alta inflacionária no país. Ela avalia que boas condições financeiras podem ter contribuído para a desaceleração da desinflação. “Assumindo que a economia evolua como espero, acredito que a inflação desacelerará ainda mais este ano. Seu progresso pode ser irregular e desigual, e os dados de inflação do primeiro trimestre serão uma indicação importante de quão rapidamente isso acontecerá”, pondera.
Ela diz que, porém, a liberação da demanda pós-eleições pode levar a uma atividade econômica mais forte e aumentar pressões inflacionárias.
Bowman destacou que espera um aumento nos rendimentos dos Treasuries de longo prazo. Ela observou que esse movimento pode refletir “as preocupações dos investidores sobre a possibilidade de uma política mais rígida do que o esperado”, uma medida que poderia ser necessária para enfrentar as pressões inflacionárias.
Diante desse cenário, Bowman reafirmou sua posição favorável a uma abordagem “cautelosa e gradual” no ajuste das políticas econômicas.
A dirigente do Fed avalia que o mercado de trabalho se estabilizou nos Estados Unidos, mas alerta para o crescimento salarial ainda “um pouco acima do ritmo compatível com nossa meta de inflação”.