O dólar à vista acentuou o ritmo de queda nos últimos minutos e renovou mínima, a R$ 5,8230, em sintonia com o aprofundamento das perdas da moeda norte-americana em relação ao peso mexicano, principal par do real.

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Depois de uma manhã em terreno negativo, as divisas latino-americanas, em especial a mexicana, passaram a se apreciar com a informação de que a aplicação de tarifas de importação de 25% dos EUA ao México, que teria início a partir de amanhã, será adiada em um mês, segundo acordado entre presidentes dos dois países.

Por volta das 14h50, o dólar à vista caía 0,26%, a R$ 5,824. Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 0,14%, a 125.955 pontos. Veja cotações.

A bolsa paulista abriu contaminada pelas preocupações com os potenciais reflexos da determinação do presidente dos EUA, Donald Trump, no sábado, para aplicação de tarifas sobre importações de Canadá, México e China a partir de terça-feira, 4.

No começo da tarde, porém, após conversar com Trump, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, disse que os EUA aceitaram suspender por um mês as tarifas contra o México. Trump acrescentou que as negociações continuarão visando um acordo.

Trump também deve voltar a conversar com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, que anunciou medidas retaliatórias após os decretos do republicano no fim de semana, que marcam uma escalada significativa no protecionismo comercial.

Em Wall Street, o S&P 500 recuava 0,52%.

Na visão do estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, dado o elevado componente de incertezas acerca das derivadas de tais medidas, bem como das respostas dos países envolvidos, a volatilidade tende a continuar alta.

Promessas se concretizando

Na sexta-feira, 31, o dólar à vista fechou em baixa de 0,30%, a 5,8355 reais, a menor cotação desde 26 de novembro do ano passado. Apesar do movimento contido em algumas sessões, desde 17 de janeiro o dólar não fecha um dia em alta.

Trump confirmou no fim de semana as promessas feitas antes de sua posse e impôs tarifas de 25% sobre os produtos de México e Canadá e de 10% nas importações vindas da China, um movimento que gerou anúncios de medidas retaliatórias pelos países, além de preocupações com um conflito comercial mais amplo.

O presidente dos EUA ainda sinalizou que tarifas sobre a União Europeia podem ser anunciadas em breve.

Analistas têm apontado desde a campanha presidencial que os planos tarifários de Trump possuem uma série de efeitos negativos para países emergentes. Primeiramente, eles favorecem o dólar ao manter os rendimentos dos Treasuries elevados, uma vez que possuem potencial inflacionário.

Além disso, as tarifas, e uma consequente guerra comercial, também podem impactar o desempenho econômico de mercados importantes para países emergentes, como China e UE, o que influencia negativamente os ativos de economias como o Brasil.

“Essas tarifas são o principal fator de suporte aos preços. A expectativa inicial do mercado é de uma pressão inflacionária no curto prazo, o que também contribui para a alta das cotações”, disse Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Com isso, o dólar ainda disparava contra o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

Na agenda macroeconômica do dia, os investidores avaliarão pesquisas sobre a atividade industrial no Brasil, às 10h, e nos EUA, às 11h45 e 12h.

Mais cedo, analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma inflação ligeiramente mais alta ao fim deste ano e do próximo, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.

O levantamento mostrou que a expectativa para o IPCA agora é de alta de 5,51% ao fim deste ano, de 5,50% na pesquisa anterior, no que foi a 16ª semana consecutiva de aumento na previsão. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira é de 4,28%, de 4,22% anteriormente.

O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.