03/02/2025 - 9:39
O dólar à vista acentuou o ritmo de queda nos últimos minutos e renovou mínima, a R$ 5,8230, em sintonia com o aprofundamento das perdas da moeda norte-americana em relação ao peso mexicano, principal par do real.
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Depois de uma manhã em terreno negativo, as divisas latino-americanas, em especial a mexicana, passaram a se apreciar com a informação de que a aplicação de tarifas de importação de 25% dos EUA ao México, que teria início a partir de amanhã, será adiada em um mês, segundo acordado entre presidentes dos dois países.
Por volta das 14h50, o dólar à vista caía 0,26%, a R$ 5,824. Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 0,14%, a Veja cotações.
pontos.A bolsa paulista abriu contaminada pelas preocupações com os potenciais reflexos da determinação do presidente dos EUA, Donald Trump, no sábado, para aplicação de tarifas sobre importações de Canadá, México e China a partir de terça-feira, 4.
No começo da tarde, porém, após conversar com Trump, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, disse que os EUA aceitaram suspender por um mês as tarifas contra o México. Trump acrescentou que as negociações continuarão visando um acordo.
Trump também deve voltar a conversar com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, que anunciou medidas retaliatórias após os decretos do republicano no fim de semana, que marcam uma escalada significativa no protecionismo comercial.
Em Wall Street, o S&P 500 recuava 0,52%.
Na visão do estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, dado o elevado componente de incertezas acerca das derivadas de tais medidas, bem como das respostas dos países envolvidos, a volatilidade tende a continuar alta.
Promessas se concretizando
Na sexta-feira, 31, o dólar à vista fechou em baixa de 0,30%, a 5,8355 reais, a menor cotação desde 26 de novembro do ano passado. Apesar do movimento contido em algumas sessões, desde 17 de janeiro o dólar não fecha um dia em alta.
Trump confirmou no fim de semana as promessas feitas antes de sua posse e impôs tarifas de 25% sobre os produtos de México e Canadá e de 10% nas importações vindas da China, um movimento que gerou anúncios de medidas retaliatórias pelos países, além de preocupações com um conflito comercial mais amplo.
O presidente dos EUA ainda sinalizou que tarifas sobre a União Europeia podem ser anunciadas em breve.
Analistas têm apontado desde a campanha presidencial que os planos tarifários de Trump possuem uma série de efeitos negativos para países emergentes. Primeiramente, eles favorecem o dólar ao manter os rendimentos dos Treasuries elevados, uma vez que possuem potencial inflacionário.
Além disso, as tarifas, e uma consequente guerra comercial, também podem impactar o desempenho econômico de mercados importantes para países emergentes, como China e UE, o que influencia negativamente os ativos de economias como o Brasil.
“Essas tarifas são o principal fator de suporte aos preços. A expectativa inicial do mercado é de uma pressão inflacionária no curto prazo, o que também contribui para a alta das cotações”, disse Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Com isso, o dólar ainda disparava contra o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.
Na agenda macroeconômica do dia, os investidores avaliarão pesquisas sobre a atividade industrial no Brasil, às 10h, e nos EUA, às 11h45 e 12h.
Mais cedo, analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma inflação ligeiramente mais alta ao fim deste ano e do próximo, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.
O levantamento mostrou que a expectativa para o IPCA agora é de alta de 5,51% ao fim deste ano, de 5,50% na pesquisa anterior, no que foi a 16ª semana consecutiva de aumento na previsão. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira é de 4,28%, de 4,22% anteriormente.
O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.