O advogado Mauro Ribas Jr, de 38 anos, teve a visão afetada após o carro em que estava ser alvo de tiros na noite de sábado, 1º, no bairro Quintais do Imperador, em Sorocaba. Ribas Jr defende três policiais militares acusados de matar o delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), Antônio Vinicius Gritzbach, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em novembro do ano passado. Ao Estadão, ele disse que defende policiais há mais de dez anos e nunca tinha vivenciado algo parecido. “Estou abalado, pois em mais de dez anos defendendo policiais militares nunca aconteceu algo assim comigo”, disse ele.

“Meu olho foi atingido por estilhaços. Ainda não recuperei a visão de um dos olhos. O meu rosto está bastante machucado”, contou. Um vídeo obtido pela reportagem mostra como ficou o veículo após os disparos.

Ribas Jr faz a defesa do tenente Fernando Genauro da Silva, do cabo do 20º Batalhão da PM Ruan Silva Rodrigues e do cabo Dênis Antônio Martins. Ainda não há informações, no entanto, de que o ataque tenha relação com a defesa dos PMs.

Conforme a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, o advogado relatou que conduzia seu veículo quando sofreu disparos de armas de fogo e ficou ferido no rosto por conta dos estilhaços do vidro. Ele foi socorrido, medicado e liberado.

A hipótese de ligação da defesa dos PMs com o ocorrido não está descartada. “É cedo, mas não afastamos esse hipótese. Estamos também aguardando o andamento das investigações”, afirmou Renato Soares, advogado e sócio de Ribas Jr, que também atua no caso.

Segundo a SSP, o veículo foi periciado e foram localizados e apreendidos dois estojos de munição de arma de fogo e um projétil, segundo o boletim de ocorrência. No local dos disparos, nada foi encontrado. A polícia busca imagens de câmeras de segurança que ajudem a elucidar o caso. A Delegacia de Homicídios da Deic de Sorocaba investiga o caso.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, o ex-policial militar, agora advogado, estava exposto na mídia nas últimas semanas.

A Ordem dos Advogados de Sorocaba também publicou, por meio das redes sociais, uma nota de repúdio e disse que acompanhará de perto todas as investigações para que os responsáveis sejam identificados e devidamente responsabilizados.

Na quinta-feira passada, 30, a Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo indiciou policiais militares presos por suspeita de participação no assassinato de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, o delator do PCC. No total, 17 PMs foram presos desde o dia 16 de janeiro deste ano.

Dos 17 PMs presos, três são acusados diretamente de matar o delator enquanto outros 14 fariam a escolta do empresário.