A Voepass informou nesta segunda-feira, 3, ter ingressado com uma tutela preparatória para uma reestruturação financeira, para reorganizar as obrigações financeiras de curto prazo e reorganizar sua estrutura de capital. A empresa, que é uma das maiores companhias aéreas do País, disse que a operação das rotas atuais e as vendas de passagens continuam normalmente.

A empresa afirma que até o meio do ano passado tinha uma malha aérea “ampla” e saúde financeira para manter a expansão que estava programada. No entanto, os planos foram alterados pelo acidente do voo 2283, ocorrido em Vinhedo (SP) no dia 8 de agosto, em que um ATR-72 operado pela empresa saído de Cascavel (PR) caiu antes de chegar ao destino, no aeroporto internacional de Guarulhos.

Todos os 62 ocupantes da aeronave morreram, no mais grave acidente aéreo em solo brasileiro desde o voo 3054 da TAM, em julho de 2007.

Segundo a Voepass, a tutela pedida nesta segunda-feira não engloba os processos de indenização ligados ao acidente, que já estão sendo realizados através de uma seguradora.

A companhia menciona ainda uma crise setorial no mercado de aviação comercial, que começou na pandemia da covid-19 e se estende até agora, com a alta do dólar e do petróleo e o aumento no custo de manutenção das aeronaves. No último ano, a Gol pediu recuperação judicial e a Azul renegociou dívidas com os credores. Agora, as duas empresas negociam uma possível fusão.

A Voepass não informa o tamanho do passivo que renegociará durante a reorganização, mas disse que priorizará os pagamentos de salários e benefícios dos funcionários, e que as atividades serão mantidas.

“Mesmo diante de tantas adversidades setoriais, considerando todos os desafios que a aviação no Brasil enfrenta há algum tempo, como é de conhecimento público, nós chegamos aos 30 anos de atuação na aviação regional”, diz em nota o CEO da empresa, José Luiz Felício Filho.

A Voepass é assessorada por Daniel Carnio Advogados e Mubarak Advogados Associados, e tem a assessoria financeira da EXM Partners.