Na ocasião da visita do premiê de Israel, presidente dos EUA decreta saída americana do Conselho de Direitos Humanos e de órgão de ajuda aos palestinos. Casa Branca acusa “preconceito antiamericano” na entidade.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (04/02) uma nova ordem executiva que retira o país de uma série de órgãos das Nações Unidas, incluindo o Conselho de Direitos Humanos da entidade, e ordenou uma revisão mais ampla do financiamento dos EUA para a organização multilateral.

A ordem executiva também selou a retirada dos EUA da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) e uma revisão do envolvimento americano na Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

As decisões coincidem com a visita a Washington do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, um ferrenho crítico da UNRWA. Ele acusa a entidade de incitar sentimentos anti-israelenses e alega que sua equipe estaria “envolvida em atividades terroristas contra Israel”.

Os decretos de Trump vieram em contrapartida ao que o assessor Casa Branca Will Scharf descreveu como “preconceito antiamericano” que supostamente haveria nas agências da ONU.

“Disparidades de financiamento” entre os países

Os 47 membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU são eleitos pela Assembleia Geral da entidade para mandatos de três anos, com os Estados Unidos tendo encerrado seu último mandato em 31 de dezembro. Atualmente, o país tem status de observador no órgão.

A ordem desta terça-feira parece encerrar toda a participação dos EUA nas atividades do conselho, que incluem revisões dos registros de direitos humanos dos países e alegações específicas de abusos desses direitos.

“De forma mais geral, a ordem executiva pede uma revisão do envolvimento e financiamento americano na ONU à luz das disparidades selvagens e níveis de financiamento entre diferentes países”, disse Scharf.

Trump destacou o “tremendo potencial” da ONU, mas disse que a entidade “não está sendo bem administrada”. “Deveria ser financiada por todos”, criticou, afirmando que seu país apoia a entidade de maneira desproporcional em relação aos demais Estados-membros.

UNRWA sob críticas

A UNRWA é a principal agência de ajuda aos palestinos, com muitas das 1,9 milhões de pessoas deslocadas pela guerra na Faixa de Gaza dependendo de suas entregas de ajuda humanitária para sobreviver.

Sob Trump, Washington apoiou uma ação de Israel para proibir a agência, depois que o aliado dos EUA acusou a UNRWA de espalhar material que supostamente pregava o ódio.

O financiamento dos EUA para a UNRWA foi interrompido em janeiro de 2024 pelo governo do ex-presidente Joe Biden depois que Israel acusou 12 de seus funcionários de envolvimento nos ataques terroristas do grupo islamista Hamas em 7 de outubro de 2023.

Investigações relataram alguns “problemas relacionados à neutralidade” na UNRWA, mas não encontraram evidências para as principais alegações de Israel, e a maioria dos outros doadores que suspenderam o financiamento de forma semelhante retomaram o apoio financeiro.

No início de seu mandato, Trump também retirou os EUA do Acordo Climático de Paris e da Organização Mundial da Saúde (OMS), entidade da qual o país era um dos maiores doadores.

rc (AFP, Reuters)