05/02/2025 - 12:35
A modalidade Renda+ do Tesouro Direto completou dois anos em 30 de janeiro com um estoque de R$ 4 bilhões investidos, apontam dados divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional nesta quarta-feira, 5. O valor é um recorde para a categoria e representa crescimento de 150% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
+Número de investidores no Tesouro Direto supera pela 1ª vez marca de 3 milhões
+Musk assume controle de sistema de pagamentos do Tesouro americano
O Renda+ é um tipo de título do Tesouro destinado a quem deseja fazer investimentos na aposentadoria, já que seus prazos para resgate são mais longos do que outras modalidades. Além disso, o dinheiro é pago ao investidor em 240 parcelas mensais (equivalente a 20 anos), iniciadas na “data de conversão” e encerrada na “data de vencimento”. Há opções com conversão a partir de 2030 até 2065.
O rendimento do Renda+ é composto de um juros prefixado, além da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período. A taxa fixa chega atualmente a atingir 7,5% em alguns papéis.
Planejador financeiro pela Planejar, Marcelo Milech atribui à alta dos juros o sucesso do Renda+ em 2024. Também cita uma “maior divulgação e conhecimento do produto no mercado” em comparação ao seu ano de lançamento.
Como investir no Renda+
Assim como ocorre com outros títulos do Tesouro Direto, o Renda+ pode ser acessado através de bancos ou corretoras de investimentos. Outra opção é investir com a plataforma própria do Tesouro, neste link, na qual é possível fazer o cadastro com a sua conta Gov.br.
Antes de colocar seu dinheiro no papel, é importante avaliar sua situação financeira. Caso os títulos Renda+ sejam resgatados antes do prazo, eles ficam sujeitos à chamada “marcação à mercado”, ou seja, serão vendido pelo preço avaliado pelo mercado naquele momento, o que poderá ocasionar perdas ao investidor.
As variações do Renda+ na marcação à mercado podem ser especialmente abruptas. “Quando um título de renda fixa possui um prazo muito longo para devolver o recurso aplicado, ele tende a apresentar uma oscilação muito maior”, explica o analista da Ângelo Belitardo Neto, da Hike Capital.
Assim, é recomendado ter, em paralelo ao Renda+, uma reserva de emergência em um investimento com maior liquidez, como o título Tesouro Selic, que pode ser resgatado pelo investidor a qualquer momento sem perda dos rendimentos.
Para além das perdas com a marcação a mercado, o resgate antecipado do Renda+ também implica em uma taxa de custódia regressiva, conforme segue:
- Resgate de 0 a 10 anos: 0,50% ao ano;
- Resgate de 10 a 20 anos: 0,20% ao ano;
- Acima de 20 anos – 0,10% ao ano;
- Somente na data de vencimento: 0,00%.
Belitardo recomenda ainda privilegiar os momentos de juros altos para fazer o investimento, pois são as ocasiões em que a parte prefixada da rentabilidade do Renda+ fica maior. “Em termos de economia e finanças, é vantajoso o investidor aguardar cenários de crise, de estresse na economia para locar nesses produtos. Quando eu digo cenários de estresse, eu digo alta nas curvas de juros”, sintetiza.
“Quando a Selic sobe, os títulos pós-fixados tendem a oferecer retornos mais elevados, tornando o Renda+ mais atraente para investidores que buscam segurança e proteção contra a inflação”, complementa o delegado do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP) e coordenador do Fórum de Agronegócios e Agricultura Familiar, Adenauer Rockenmeyer.
Atualmente, a taxa básica de juros brasileira está em 13,25% e em trajetória de alta. Projeções do mercado financeiro reunidas no Boletim Focus apontam que ela deve encerrar 2025 em 15%.
Entenda o Tesouro Direto
O Tesouro Direto é um programa criado pelo governo federal para facilitar investimentos em títulos do Tesouro Nacional. Assim, ao comprar um dos papéis, o investidor está realizando uma espécie de “empréstimo” ao governo. É considerado por isso um dos investimentos mais seguros disponíveis.
Com exceção do Tesouro Selic, cujo rendimento é atrelado à taxa básica de juros, todos os outros títulos do programa possuem liquidez apenas na data de vencimento e estão assim sujeitos à marcação de mercado, caso sejam resgatados antecipadamente.
Para além do Selic e do Renda+, outras modalidades do Tesouro Direto são:
- IPCA+: também possui rendimento de um juros prefixado e do IPCA, porém com resgate de todo o valor na data do vencimento.
- Educa+: similar ao Renda+, foi feito para disponibilizar dinheiro para a faculdade. Assim, o intervalo entre sua data de conversão e de vencimento é de cinco anos.
- Prefixados: possuem apenas o rendimento de uma taxa de juros prefixada.
Todas as modalidades estão sujeitas a um Imposto de Renda regressivo, ou seja, que diminui conforme aumenta o tempo do investimento. As alíquotas de cobrança são:
- Até 180 dias: 22,5%
- De 181 a 360 dias: 20%
- De 361 a 720 dias: 17,5%
- A partir de 721 dias: 15%.