05/02/2025 - 12:07
O dólar interrompeu uma sequência de 12 sessões consecutivas de baixas e fechou nesta quarta-feira, 5, em alta, mas ainda abaixo dos R$ 5,80, com investidores realizando os lucros mais recentes no Brasil, enquanto no exterior o dia foi de nova queda da moeda norte-americana.
+ BRAZIL JOURNAL: Por que virou? As (muitas) razões para a queda do dólar
Após a maior sequência negativa em 20 anos ante o real, o dólar à vista fechou a quarta-feira em alta de 0,37%, aos R$ 5,7935, no primeiro avanço diário desde 17 de janeiro. Em 2025 a moeda norte-americana acumula baixa de 6,24%.
Às 17h04 na B3 o dólar para março — atualmente o mais líquido no mercado brasileiro — subia 0,68%, aos R$ 5,8205. Veja cotações.
Na véspera, a divisa dos Estados Unidos fechou em baixa ante o real pelo 12º pregão consecutivo, à medida que os ativos brasileiros passam por um movimento de correção depois da forte deterioração apresentada no fim de 2024.
O dólar no dia
Alguns analistas ouvidos pela Reuters têm pontuado que o dólar vinha atingindo patamares exagerados no Brasil, com os investidores assumindo posições compradas na moeda norte-americana devido aos temores em relação ao cenário fiscal brasileiro.
O mercado tem demonstrado dúvidas sobre o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, principalmente após o anúncio de um projeto de reforma do Imposto de Renda em novembro que ofuscou a apresentação de medidas de contenção dos gastos.
O suposto exagero, na visão de analistas, forneceu espaço para a correção observada neste início de ano, o que, depois de doze sessões consecutivas de perdas, também permite uma reprecificação na direção contrária.
“Foram doze pregões seguidos de queda. Absolutamente natural um pregão de correção (hoje)”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Há analistas que ainda atribuem as quedas recentes do dólar à percepção de um governo norte-americano mais moderado sob o comando do presidente Donald Trump do que o esperado anteriormente.
Trump tem repetido suas ameaças de impor tarifas de importação sobre parceiros comerciais desde que tomou posse em 20 de janeiro, mas economistas têm percebido que as ameaças podem, na verdade, ser uma tática de negociação.
De fato, após anunciar tarifas de 25% sobre Canadá e México no fim de semana, Trump chegou a acordos separados com os líderes dos dois países para eles fortalecerem o controle da fronteira com os EUA em troca da suspensão das taxas comerciais por 30 dias.
Em relação ao China, no entanto, os EUA impuseram uma tarifa de 10% sobre as importações do país asiático, em medida que entrou em vigor na terça-feira e gerou retaliação por parte de Pequim, o que pode estar gerando uma maior aversão ao risco nos mercados globais.
Trump exige que a China contribua mais para ajudar os EUA a combater o fluxo de fentanil nas fronteiras norte-americanas, enquanto Pequim afirma que a questão é problema dos EUA.
“É natural que haja algum receio no impacto do comércio global já que estamos falando das duas maiores economias do planeta. Mas acho que fica nisso. Trump é o rei da bravata”, disse Bergallo.
Entre emergentes, também pesava nesta quarta-feira a queda dos preços de commodities importantes, como petróleo e minério de ferro, o que impacta diretamente a economia desses países.
O dólar avançava sobre o peso mexicano e o peso colombiano.
Na frente de dados, a criação de vagas de trabalho no setor privado dos EUA aumentou em janeiro, segundo o Relatório Nacional de Emprego da ADP divulgado nesta quarta-feira. Foram abertas 183.000 vagas de emprego no mês passado, depois de um aumento revisado para cima de 176.000 em dezembro.
No Brasil, a atividade de serviços mostrou forte piora no início do ano e registrou retração pela primeira vez em quase um ano e meio em janeiro, em meio a piora da demanda e a intensificação das pressões inflacionárias, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI).
Mais cedo, o IBGE informou que a produção industrial brasileira registrou queda de 0,3% em dezembro na comparação com o mês anterior. Ante o mesmo mês do ano anterior, a produção subiu 1,6%.
Após o fechamento dos mercados, as atenções se voltarão para comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que concede entrevista à jornalista Miriam Leitão, com exibição às 23h30 na GloboNews.