O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quarta, 5, a necessidade de se encontrar uma solução para a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Segundo Lula, os obstáculos a essa atividade não são responsabilidade da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que sempre foi contra a liberação da área. As declarações foram dadas em entrevista a uma rádio de Minas Gerais, depois de o presidente ser questionado sobre o tema.

“Há uma confusão na imprensa, sei lá causa por quem, de tentar jogar em cima da companheira Marina a responsabilidade pela não aprovação da exploração de petróleo na Margem Equatorial do Rio Amazonas. A Marina não é a responsável”, disse ele.

A Margem Equatorial abrange uma área que vai pelo litoral do Nordeste à Foz do rio Amazonas. E um dos trechos com óleo possivelmente viável à exploração fica a 500 km da foz do Amazonas – o que os especialistas dizem ser uma distância pequena por causa da possibilidade de as correntes marítimas espalharem petróleo em toda a área da foz em caso de vazamento.

“Nós queremos o petróleo, porque ele ainda vai existir por muito tempo. Temos que utilizar o petróleo para fazer nossa transição energética, que vai precisar de muito dinheiro. E temos, perto de nós, Guiana e Suriname pesquisando petróleo muito próximo à nossa Margem Equatorial. Precisamos fazer um acordo. Encontrar uma solução em que a gente dê garantia ao País, ao mundo e ao povo da Margem Equatorial de que a gente não vai detonar nem uma árvore, nada do rio Amazonas, nada do oceano Atlântico”, disse Lula.

“A Petrobras é a empresa que tem mais capacidade de exploração em águas profundas. Nós temos um exemplo extraordinário de não causar problemas ao meio ambiente”, continuou o petista. “Nós, do governo, vamos ter que encontrar uma solução para que a gente explore essa riqueza, se é que ela existe, em benefício do povo brasileiro.”

Reação

As declarações provocaram forte reação. Manifesto assinado por 17 ambientalistas diz “que alas do governo vêm sinalizando que contam com a licença do bloco” na Foz do Amazonas, ainda neste ano, em que “contraditoriamente” o Brasil sediará a COP-30.

“O governo brasileiro precisa decidir se vai trabalhar para a sobrevivência do planeta e daqueles que são mais vulneráveis à emergência climática, ou vai continuar com discursos e ações contraditórias”, afirmou Ilan Zugman, diretor da 350.org.

Maurício Bianco, vice-presidente da Conservação Internacional, disse que a exploração de petróleo na região contraria a vocação do Brasil como líder na construção de uma estratégia global contra a crise climática.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.