O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na manhã desta sexta-feira, 7, que a queda do dólar irá ajudar a baixar o preço dos alimentos no médio prazo. “A política que estamos adotando para trazer o dólar para um patamar mais adequado terá reflexo nas próximas semanas”, disse em entrevista à Rádio Cidade, de Pernambuco.

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Apesar da fala, o ministro não especificou quais são as iniciativas tomadas para mexer com o câmbio. Ele falou no entanto que a eleição de Trump teria sido responsável pela alta da moeda estadunidense no final de 2024, e que “o dólar já está perdendo força, e isso também colabora para a redução dos alimentos no médio prazo”.

Em 2024, o dólar acumulou alta de 27,36% perante ao real, fechando o ano na cotação de R$ 6,179. Já neste ano, a moeda estadunidense teve quedas consecutivas, e fechou o pregão da última quinta-feira, 6, no menor patamar desde 18 de novembro do ano passado: R$ 5,76 reais.

Colheita será melhor, diz Haddad

Os preços dos alimentos subiram 7,69% em 2024, acima da inflação oficial do país, que fechou o ano 4,83%. A alta é apontada por alguns analistas como motivo para a recente queda de popularidade do governo. Pela primeira vez, o presidente Lula tem maior rejeição do que aprovação, segundo pesquisa realizada pela Quaest.

Questionado sobre os preços elevados, o ministro afirmou esperar impactos também de uma colheita melhor, a ser alcançada graças ao plano Safra. “A safra vai ser recorde, nós vamos colher alimentos como nunca colhemos”, disse.

O Plano Safra 24/25 ampliou o acesso de produtores rurais a crédito, ao disponibilizar R$ 400,59 bilhões para agricultura empresarial, segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária.

“Vamos continuar com políticas para aumentar o salário mínimo, corrigir tabela do IR, melhorar o poder de compra do salário, baixar o dólar e melhorar a safra para combater os preços altos”, afirmou Haddad.

Ao longo da entrevista, Haddad buscou contrapor dados da atual gestão com os do governo anterior, repetindo que indicadores da presidência de Jair Bolsonaro foram piores do que os observados neste momento, citando preços de combustíveis, inflação em geral e política tributária.

O ministro ainda disse que o governo tem tentado corrigir distorções no déficit das contas públicas e citou que um dos focos de Lula é reduzir benefícios ficais da fatia mais rica da população.

Alta da Selic

O ministro afirmou também que “o remédio para corrigir inflação é muitas vezes aumentar juros para corrigir altas dos preços”. Complementou no entanto que “a política monetária tem que ter muita sabedoria, você não pode criar um problema de crescimento da economia, não pode jogar o país numa recessão”.

“Tudo tem que ser feito na dose certa”, disse. “Às vezes você aumenta (os juros) para desaquecer um pouco a economia, porque se tiver muito aquecida os preços vão aumentar. Em economia, não existe um remédio para toda hora, é para aquela hora, e na dose certa.”

O ministro esquivou-se assim de avaliar diretamente o patamar alto da Selic, criticado pelo presidente Lula em diferentes ocasiões ao longo dos primeiros dois anos de seu terceiro mandato. Durante o período, o Banco Central esteve sob a presidência de Roberto Campos Neto, indicado ao cargo por Jair Bolsonaro.

Em 2025, já sob o comando do presidente indicado por Lula, Gabriel Galípolo, o BC manteve em janeiro uma política de aumento nos juros. A continuidade já estava prevista em atas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) publicadas no ano passado. Em 29 de janeiro, foi anunciada uma elevação de 1 ponto percentual na Selic, a 13,25%. O órgão indicou ainda que fará mais uma alta da mesma magnitude em março.