Um avião de pequeno porte, que ia de São Paulo para Porto Alegre, caiu no meio da Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, na manhã de ontem, deixando dois mortos e seis feridos. A aeronave percorreu menos de 6 quilômetros desde a decolagem em Campo de Marte, às 7h17, e caiu em menos de um minuto.

O turboélice passou perto de diversos prédios comerciais e residenciais e caiu a 100 metros de uma escola no início do horário de pico da manhã. Um semáforo fechado, segundo alguns relatos, deteve o tráfego de carros, mas o avião ainda colidiu com um ônibus. Restos de combustível se espalharam sobre o coletivo, que pegou fogo perto do ponto. Foi o oitavo caso de queda de avião de pequeno porte no Brasil em quatro meses.

As duas vítimas, que ficaram carbonizadas, foram o piloto Gustavo Medeiros e o copiloto Márcio Louzada Carpena, de 49 anos, que também era o proprietário do turboélice desde 11 de novembro e advogado (mais informações abaixo).

Cinco feridos estavam no ponto de ônibus – entre eles, uma idosa. Um motociclista que estava na via também se machucou – os seis só tiveram ferimentos leves e foram atendidos em centros médicos próximos do local do acidente e liberados ainda ontem. Eles não se queimaram porque o incêndio se alastrou pelo ônibus de forma lenta e foi extinto em menos de dez minutos.

O motorista do ônibus, que não foi identificado, se emocionou ao tentar explicar como conseguiu retirar os passageiros antes de o fogo se espalhar pelo coletivo. “Não sei o que aconteceu, só sei que salvei todo o mundo”, disse em gravação que foi feita por uma mulher que estava no local no momento do acidente e divulgada pela TV Globo.

O advogado Márcio Louzada Carpena, de 49 anos, nasceu em Porto Alegre, era casado e tinha três filhos. Era sócio do escritório Carpena Advogados Associados, especializado em contencioso civil, com atuação nacional. Além de inscrição na OAB do Rio Grande do Sul, ele tinha registros suplementares em outros oito Estados e no Distrito Federal.

Advogado vivia ‘melhor momento’

Amigo do advogado há 16 anos, Lucas Golbert, empresário do ramo imobiliário, contou ao Estadão que Carpena tinha a “energia muito alta”, que sempre colocava os amigos para cima com humor, incentivos e reflexões sobre a vida, além de ser um “superpai”.

A vítima também era professor na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul desde 2002 e docente vinculado à Escola da Magistratura (Ajuris). Em nota, a seção gaúcha da Ordem dos Advogados lamentou a morte do profissional.

O deputado Marcus Vinícius (PP), da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, disse que conheceu Carpena por intermédio da namorada dele, Francieli Pedrotti Louzada, de quem era amigo de infância. “Os dois viviam o melhor momento da vida deles, uma relação bonita e intensa. Estavam apaixonados de verdade, vivendo juntos intensamente. É muito triste.”

O piloto

Gustavo Medeiros integrou o quadro da Azul entre 2011 e 2021 – a companhia lamentou ontem a morte do ex-funcionário. No perfil pessoal do LinkedIn, o piloto informava ter atuado por seis anos como copiloto de avião modelo E190, no qual acumulou 3.819 horas de voo, e por quatro anos como comandante de ATR (1.912 horas de voo).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.