SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista subia ante o real nesta segunda-feira, em linha com os mercados emergentes, à medida que os investidores ponderavam sobre o impacto dos mais recentes planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em nova escalada das tensões no comércio global.

Às 9h37, o dólar à vista subia 0,3%, a 5,8101 reais na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,04%, a 5,833 reais na venda.

Trump disse no domingo que anunciará nesta segunda-feira tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA, que se somariam às tarifas existentes sobre metais, sem incluir mais detalhes sobre a medida.

Falando a repórteres no Força Aérea Um, o presidente também afirmou que anunciará tarifas recíprocas na terça ou quarta-feira que entrarão em vigor quase imediatamente, igualando as taxas cobradas por outros países sobre os EUA.

Esse foi o mais recente anúncio de Trump sobre a política comercial dos EUA, que ocorre na esteira da implementação de tarifas de 25% sobre os produtos de México e Canadá e de 10% sobre as importações da China na semana passada.

Enquanto Trump chegou a um acordo com os líderes dos dois vizinhos para suspender as taxas por um mês, em troca de medidas para endurecer o controle da fronteira com os EUA, a tarifa sobre a China segue em vigor, com as ações de retaliação de Pequim sendo ativadas nesta segunda.

O anúncio das tarifas sobre metais tem o potencial de afetar as exportações de uma série de parceiros comerciais dos EUA, incluindo Brasil, México, Canadá, Japão e União Europeia, que são produtores dos materiais visados por Trump.

Em relação às tarifas recíprocas, no entanto, o impacto é incerto, uma vez que Trump não forneceu detalhes sobre quais países buscará atingir com a medidas.

“A pressão diante da ameaça de Trump de anunciar hoje a taxação sobre as importações de aço e alumínio deixa a nossa moeda mais fragilizada”, disse Guilherme Esquelbek, gerente da mesa de câmbio da corretora Correparti

Em meio à expectativa pelas tarifas, o dólar avançava sobre moedas emergentes, incluindo o peso mexicano e o peso chileno.

A lógica dos investidores nesse cenário, para além de abandonar ativos dos países que devem ser atingidos pelas tarifas, é de que as medidas de Trump têm potencial inflacionário, o que forçaria o Federal Reserve a manter a taxa de juros elevada por mais tempo.

Com isso, o dólar se favorece, pois o cenário contribui para o aumento dos rendimentos dos Treasuries, o que torna os ativos norte-americanos mais atrativos para investidores estrangeiros.

Na cena doméstica, a sessão era marcada pela divulgação da pesquisa Focus do Banco Central, em que o mercado elevou novamente as projeções para a inflação brasileira em 2025 e 2026.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para o IPCA agora é de alta de 5,58% ao fim deste ano, de 5,51% na pesquisa anterior. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira é de 4,30%, de 4,28% anteriormente.

Os investidores se posicionarão neste pregão para a divulgação de dados do IPCA de janeiro na terça-feira, com a projeção de economistas consultados pela Reuters de que a alta dos preços desacelere para 0,14% na base mensal, de um avanço de 0,52% em dezembro.

(Por Fernando Cardoso)

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