O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpriu nesta segunda-feira (10) sua promessa de impor tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio.

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“Hoje simplifico nossas tarifas sobre o aço e o alumínio”, disse o presidente no Salão Oval, enquanto firmava as ordens executivas. “É 25%, sem exceções nem isenções”. Trump acrescentou que consideraria a imposição de tarifas adicionais sobre automóveis, produtos farmacêuticos e chips de computador.

Uma autoridade da Casa Branca confirmou que as medidas entrarão em vigor em 4 de março.

A alíquota tarifária voltará a 25% sobre milhões de toneladas de aço e alumínio importados do Canadá, Brasil, México, Coreia do Sul e outros países que estavam entrando nos EUA com isenção de impostos sob as exceções.

A medida simplificará as tarifas sobre os metais “para que todos possam entender exatamente o que isso significa”, disse Trump aos repórteres. “São 25% sem exceções ou isenções. Isso vale para todos os países, não importa de onde venham, todos os países.”

Trump disse mais tarde que teria “grande consideração” ao pedido da Austrália de isenção das tarifas sobre o aço.

“Acreditamos muito no diálogo”

Geraldo Alckmin, vice-presidente do país e atual responsável pelo Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), minimizou as ameaças de Donald Trump sobre uma nova taxa nas importações de alumínio e aço do país. “Vamos aguardar, porque nós acreditamos muito no diálogo”, disse. “A nossa disposição é sempre a de colaboração, parceria em benefício das nossas populações.”

O ministro destacou ainda o histórico de relações diplomáticas entre ambos os países. “Nós temos uma relação de 200 anos. Brasil e Estados Unidos tem dois séculos [de relações], e é uma colaboração mútua, é um ganha-ganha.”

Ao mesmo tempo, Alckmin não descartou a criação de novas taxas sobre os Estados Unidos. “O Brasil pode adotar reciprocidade, pode também estudar a taxação de produtos de tecnologia, de plataformas de tecnologia americanas”, exemplificou.

Os Estados Unidos são hoje o principal destino do aço brasileiro. Representam também o segundo maior comprador em valores do alumínio do Brasil.

Alckmin destaca cotas durante taxação anterior

O ministro lembrou também que taxas assim já foram implementadas. Durante seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu a vários parceiros comerciais — incluindo Canadá, México e Brasil — cotas isentas de impostos.

Para aço semiacabado, a cota foi de 3,5 milhões de toneladas e, para o produto acabado (aços longos, planos, inoxidáveis e tubos) foi de 543 mil toneladas.

Biden estendeu essas cotas para Reino Unido, Japão e União Europeia, e a utilização da capacidade das usinas siderúrgicas dos EUA passou a cair nos últimos anos.

“Quem tem mais competitividade consegue colocar mais e melhor os seus produtos em benefício da população”, analisou Alckmin. “A nossa disposição é sempre a de colaboração, parceria em benefício das nossas populações.”

Os Estados Unidos são o principal destino em valores exportados de aço e o segundo de alumínio brasileiro, apontam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Em valores exportados, dados do MDIC apontam que os US$ 163 milhões em alumínio vendidos aos EUA ficaram atrás apenas dos US$ 387 milhões pagos pelo Japão.

Em relação ao aço, um relatório produzido pelo Instituto Aço Brasil, a partir de dados do MDIC, aponta que foram enviados aos EUA 5,81 bilhões de quilos do metal, a maior quantidade enviada para um único país em 2024. Essa quantia corresponde a US$ 4,14 bilhões. Segundo o documento, o Brasil é o maior produtor de aço na América Latina e o sétimo maior no mundo.

*com informações de AFP