14/02/2025 - 10:45
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 14, que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e garantiu que, se os EUA tomarem medidas contra o Brasil, seu governo reagirá com reciprocidade.
“Eu ouvi dizer que (os EUA) vão taxar o aço brasileiro. Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente. Ou vamos denunciar na Organização do Comércio ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, disse Lula em entrevista à Rádio Clube do Pará.
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Trump anunciou nesta semana a imposição de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio dos EUA “sem exceções ou isenções”, a partir do mês que vem. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, ficando atrás apenas do Canadá.
Além do aço e do alumínio, a Casa Branca apontou o etanol brasileiro como exemplo de alvo para tarifas recíprocas que os EUA podem impor contra todos os países que sobretaxam produtos norte-americanos, conforme anunciado por Trump na quinta-feira.
“Se tiver alguma atitude contra o Brasil, haverá reciprocidade, não tenha dúvida. Haverá reciprocidade em qualquer atitude que tiver contra o Brasil”, insistiu.
Em contraste com o tom adotado por Lula sobre as tarifas de Trump, ministros do governo brasileiro têm preferido uma abordagem mais cautelosa em relação ao assunto, defendendo a necessidade de um diálogo e possíveis negociações sobre o assunto com as autoridades norte-americanas.
Na entrevista à rádio paraense, Lula disse ainda que Trump defende o protecionismo e adota um discurso que “não tem nada a ver” com a postura adotada pelos EUA no mundo após a Segunda Guerra Mundial, acrescentando que se preocupa com esta mudança.
“O que eu estou preocupado é que os Estados Unidos, depois da Segunda Guerra Mundial, viraram uma espécie de patrono da democracia do mundo, viraram uma espécie de xerife do planeta Terra. Eles se colocaram nessa posição, defensor da democracia. Agora os discursos não são mais esses”, disse.
“Eles que foram os autores do Consenso de Washington, que defendiam o mercado livre, agora estão defendendo o protecionismo… É um discurso que não tem nada a ver com aquilo que os Estados Unidos fizeram depois da Segunda Guerra Mundial.”
Lula foi perguntado sobre como está seu relacionamento com Trump e afirmou que, no momento, não existe uma relação com o presidente norte-americano.
“Primeiro que não tem relacionamento. Eu ainda não conversei com ele, ele ainda não conversou comigo. O relacionamento é entre Estado brasileiro e Estado americano. Nós temos 200 anos de relação diplomática. O Brasil considera os Estados Unidos um país extremamente importante para a relação com o Brasil e eu espero que os Estados Unidos reconheçam o Brasil como um país muito importante”, disse.
“Se o Donald Trump cuidar dos Estados Unidos e eu cuidar do Brasil, se ele melhorar a vida do povo americano e eu melhorar a vida do Brasil, tudo estará maravilhosamente bem.”