O dólar fechou a sexta-feira com queda superior a 1% ante o real, voltando a ficar abaixo dos R$5,70, em sintonia com o recuo firme da moeda norte-americana no exterior após o governo Trump adiar a cobrança de tarifas recíprocas de importação e depois de dados mostrarem retração do varejo dos EUA em janeiro.

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O dólar à vista fechou em queda de 1,22%, aos R$5,6974 — a menor cotação de fechamento desde 7 de novembro de 2024, quando encerrou em R$5,6759. A divisa acumulou queda semanal de 1,65%, marcando a sétima semana consecutiva de perdas para a moeda norte-americana no Brasil. No ano a baixa acumulada é de 7,79%.

Já o Ibovespa fechou em forte alta nesta sexta-feira, acima dos 128 mil pontos, em sessão marcada pelo avanço expressivo das blue chips Petrobras e Itaú Unibanco, enquanto Caixa Seguridade figurou entre poucas quedas do dia. Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,7%, a 128.218,59 pontos, maior patamar de fechamento desde 11 de dezembro do ano passado, assegurando um ganho de 2,89% no acumulado da semana.

Na véspera o governo Trump detalhou um roteiro para aplicar tarifas de reciprocidade contra qualquer país que imponha impostos sobre os produtos norte-americanos. No entanto, as tarifas não entraram em vigor nesta quinta-feira, o que foi visto pelo mercado como uma estratégia do presidente Donald Trump para iniciar negociações comerciais com outros países.

Este adiamento das tarifas pesou sobre os rendimentos dos Treasuries e sobre o dólar em todo o mundo.

“Com o discurso um pouco mais leve de Trump e a compreensão de que a guerra comercial seria prejudicial, o mercado avalia que talvez este cenário (de tarifas mais altas) não ocorra tão rapidamente”, Fabrício Voigt, economista da Aware Investments.

O recuo do dólar se intensificou após o Departamento do Comércio dos EUA informar que as vendas no varejo caíram 0,9% em janeiro, depois de um aumento revisado para cima de 0,7% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas no varejo, que são em sua maioria mercadorias e não são ajustadas pela inflação, cairiam apenas 0,1%.

Dólar sofre influência de queda de aprovação de Lula

O câmbio também contou com novidades no campo político, já que o Datafolha informou que a aprovação do governo Lula caiu 11 pontos percentuais em dois meses e atingiu 24% em fevereiro, enquanto a reprovação subiu para 41%.

Segundo o instituto, aqueles que avaliavam o governo como “ótimo ou bom” em dezembro caíram de 35% para 24% na rodada de fevereiro. Os que avaliaram a gestão como “ruim ou péssima” foram de 34% para 41%. Os 29% que consideravam o governo “regular” no fim do ano passado passaram para 32%.

Às 16h56, já após a divulgação do Datafolha, o dólar à vista marcou a mínima de R$5,6946 (-1,27%), para depois encerrar perto disso.

Três profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que o dólar caiu ainda mais com a avaliação, de parte do mercado, de que a queda da aprovação do petista significa menos chances de reeleição em 2026.

Lula é visto por muitos como um presidente incapaz de promover os ajustes fiscais necessários no governo.

Um profissional defendeu, no entanto, que ainda é muito cedo para imaginar uma derrota de Lula na próxima eleição.

Além disso, nesta sexta-feira, 14, o Banco Central vendeu em sua operação diária 9.630 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.