A Semp Toshiba, tradicional fabricante de tevês, vai mudar a imagem aos 60 anos de idade. O grupo fundado por Afonso Hennel não quer mais ser visto apenas como sinônimo de eletroeletrônicos. No mês que vem, um batalhão de 300 pessoas vai se reunir na sede da
companhia, localizada no elegante bairro do Itaim, em São Paulo, para discutir as novas diretrizes do grupo. Sem desprezar o ramo onde nasceu ? a Semp fabricou a primeira tevê no Brasil, em 1951 ? a organização aposta suas fichas na área de informática, que no ano passado pôs R$ 170 milhões no caixa da companhia. O montante representa 20% do faturamento total da Semp Toshiba. ?Vamos dar uma guinada para a área de computadores. A meta é fazer com que ela represente 50% de nossas receitas?, disse a DINHEIRO o presidente do grupo, Afonso Hennel.

A informática ainda está engatinhando nos negócios do grupo, mas já produziu bons resultados. Com apenas quatro anos de atuação no setor, a Semp Toshiba alcançou o 4º lugar no ranking nacional. Segundo pesquisa do IDC, em 2001 o mercado brasileiro consumiu 3,8 milhões de computadores. Desse total, 60% é do mercado informal (montadores e contrabando). Dos 40% formais, a empresa detém 2,7%, algo próximo a 85 mil microcomputadores e 12 mil notebooks. As primeiras posições pertencem à Metron, IBM e Compaq. ?Já para este ano, conseguiremos um aumento de 10% nas vendas?, diz Hennel. Não faltarão recursos para garantir a nova empreitada. A fábrica de Salvador, responsável pela produção dos computadores e copiadoras digitais, será ampliada. Hennel vai investir R$ 35 milhões na unidade.

Em maio, a empresa fará, pela primeira vez, uma campanha na tevê. A idéia é transportar a credibilidade Semp Toshiba da área de eletroeletrônicos para os computadores. Nuria Casadevall, gerente de marketing, diz que a estratégia de expansão do braço de informática também vai contar com a venda direta ao consumidor. A empresa colocará à disposição uma linha 0800 e pretende, desta forma, esvaziar o estoque de produtos. ?Vamos vender computadores de qualidade a preços mais em conta, utilizando nossa estrutura de distribuição que já existe na área de eletrônicos?, antecipa.

Afonso Hennel é um homem cauteloso. Aos 51 anos, o executivo chega ao quarto ano como comandante de um dos mais importantes grupos do País. Ele surpreende ao dizer que a abertura não foi ruim para o setor. ?Quebrou quem cometeu erros de estratégia, não cortou custos, não aumentou a produtividade?, afirma. A Semp passou à margem da crise por um simples motivo: não fez dívidas. A política é apoiada pelo parceiro japonês, a Toshiba, com quem a empresa brasileira está ?casada? há 25 anos.