20/02/2025 - 18:40
Em dia de foco em balanços como os de Vale e Banco do Brasil, e de agenda econômica relativamente esvaziada, o Ibovespa se manteve em margem estreita, entre mínima de 127.063,47 e máxima de 127.871,29, com fechamento a 127.600,58 pontos, em leve alta de 0,23%. Na semana, ainda acumula perda de 0,48% e, no mês, avança 1,16%. No ano, o ganho é de 6,08%.
O giro subiu a R$ 24,4 bilhões na sessão, em que o destaque foi Vale ON, em alta de 3,68% após os resultados trimestrais divulgados no fim da noite anterior. A principal ação do Ibovespa esteve entre as que mais avançaram hoje, logo atrás de PetroReconcavo (+7,41%) e de Totvs (+3,08%). Na ponta oposta, Vamos (-5,57%), Gerdau (-5,36%) e Metalúrgica Gerdau (-4,92%).
“A despeito do prejuízo informado – decorrente principalmente de baixas contábeis -, Vale trouxe redução de custos operacionais”, resume Gabriel Cecco, especialista da Valor Investimentos. “A empresa tem feito a parte dela para ajustar a rota e há também percepção mais favorável sobre a China, especialmente desde os desdobramentos no setor de tecnologia, com efeito para os calls de bolsa chinesa após o evento DeepSeek – e apesar dos problemas estruturais com relação ao setor de infraestrutura e construção, que ainda precisam ser endereçados”, diz Naio Ino, gestor de renda variável na Western Asset.
Dessa forma, o avanço superior a 3% para o papel da mineradora ao longo da sessão colocou o ganho acumulado pela ação na semana a 3,72% e, no mês, a 6,59% – no ano, Vale sobe agora 5,85%.
Outro destaque da agenda de balanços na sessão, a reação aos resultados trimestrais de Banco do Brasil, embora considerados bons, veio na forma de uma realização de lucros em cima de uma expectativa que já era positiva para os números do período. No ano, a ação BB ON ainda acumula ganho perto de 17% – e de pouco mais de 2% no mês, à frente das demais grandes instituições financeiras em ambos os intervalos. Assim, fechou hoje em baixa de 2,98%, em dia levemente positivo para Santander (Unit +0,11%), misto para Bradesco (ON +0,09%, PN -0,25%) e negativo para Itaú (PN -0,27%).
“A Bolsa digeriu balanços importantes, como o da Vale, que surpreendeu positivamente com dividendos e recompra de ações, sustentando o índice na sessão. E Banco do Brasil, apesar do lucro recorde, viu suas ações caírem, refletindo certa cautela com o setor de crédito”, diz Lucas Almeida, sócio da AVG Capital. A alta do minério de ferro e a valorização de algumas empresas do setor de varejo também influenciaram o desempenho do Ibovespa nesta quinta-feira, acrescenta Almeida. Em Dalian, a tonelada do minério fechou em alta de 2,26% no contrato futuro mais negociado, perto de US$ 115, e em Cingapura, de 1,74%.
No cenário doméstico, o ajuste visto na ponta longa da curva do DI, desde o auge da aversão a risco no fim do ano passado com relação à condução da política fiscal, tem contribuído para a melhora da precificação de ações que vinham muito “amassadas”, como as de varejo e consumo, sensíveis a juros. “De forma geral, os balanços de empresas brasileiras no quarto trimestre têm vindo bons, mas há alguma cautela e expectativa para o meio do ano, quando pode vir uma desaceleração no ritmo de atividade econômica”, observa Ino.
“O mercado tem começado a querer precificar alguma melhora para o cenário fiscal – claro que ainda há muito a ser negociado -, mas de qualquer forma uma melhora de percepção que também tem tido efeito benéfico para o câmbio”, o que contribui para a relativa recuperação observada na Bolsa desde janeiro, nota Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos.