(Reuters) – O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou nesta sexta-feira que a autarquia espera um arrefecimento da atividade, mas que o patamar da taxa de juros só será reduzido quando houver a convicção de que isso está afetando o nível dos preços.

“Não vai ser a atividade que vai fazer com que a gente diminua o nível de juros, vai ser a percepção e a convicção de que está afetando o nível de inflação… Nossa meta é a inflação”, disse em live do Bradesco BBI.

O diretor afirmou que a autarquia tem plena convicção sobre a potência da política monetária para baixar a inflação. Para ele, no entanto, a avaliação de parte dos agentes de mercado de que ventos contrários podem mitigar o efeito dos juros dificulta o trabalho do BC.

Sem dar detalhes, ele acrescentou que eventos extraordinários fomentaram o crescimento econômico do país para além do esperado, o que acabou indo contra o efeito da política monetária.

O BC vem promovendo um intenso ciclo de aperto monetário, levando os juros básicos a 13,25% ao ano e prometendo mais uma alta de 1 ponto percentual em março na tentativa de levar a inflação à meta de 3% no médio prazo, em meio a uma persistente desancoragem das expectativas de mercado.

“A gente entende que os próximos meses vão ser desafiadores, a inflação de 12 meses vai piorar antes de melhorar”, avaliou, prevendo que não deve haver uma inflexão do índice de preços nos próximos meses.

Para o diretor, esse cenário para a inflação corrente não ajuda no processo de melhora das expectativas de mercado, que são levadas em conta pelo BC nas decisões da política de juros.

Após avaliar que a política monetária está contracionista e “tem que estar lá porque esse é o melhor posicionamento”, ele disse o BC ainda não está falando sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio, para a qual a diretoria deixou em aberto o que fará com a Selic.

Perguntado sobre a postura que o BC pode adotar em uma eventual atuação do governo para fortalecer a atividade e se contrapor ao aperto monetário, David disse que “subir os juros com algo que talvez aconteça não parece a política mais adequada” quando os juros já estão em patamar restritivo.

Ele ponderou que o BC acompanha o cenário, avalia se o aperto monetário é suficiente ou não e vai ajustar os juros se for necessário.

(Por Bernardo Caram, em Brasília)

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