26/02/2025 - 5:30
Bombardeado dentro e fora do governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teve seu momento de DR com o mercado financeiro na manhã de terça-feira, 25. Em evento organizado pelo BTG, ele subiu ao palco para ser entrevistado e, aparentando serenidade, aproveitou o espaço para discutir a relação e lavar roupa suja depois de quatro meses sob críticas. Haddad vinha sendo acusado de ser mais político do que ministro da Fazenda, além de ter a sua força dentro do governo é questionada pelo próprio mercado e até por colegas ministros.
Ao vivo, diante de uma plateia de investidores e analistas, Haddad tentou separar o que chamou de discussão “de Estado” sobre a economia da disputa eleitoral e descartou a possibilidade de ser candidato à sucessão presidencial em 2026. Disse que estava ali para “falar como brasileiro que não é candidato a nada no ano que vem”.
E, numa crítica ao que internamente no governo classifica-se como má vontade do mercado com o presidente Lula, o ministro destacou que o mercado, hoje, está “muito mais tenso do que em qualquer outro momento” da história recente, apesar de a economia brasileira ter vivido “momentos delicados” várias vezes desde o Plano Real.
O ministro havia sido questionado justamente sobre a piora nas expectativas e a disparada do dólar, na virada do ano, quando a cotação da moeda americana chegou a bater R$ 6,30.
“Em 2022, a dívida líquida era de 60% do PIB, muito parecida com agora, a Selic estava em 12%, tínhamos dívida em dólar e sem reservas cambiais e ninguém achava que o Brasil ia quebrar”, afirmou.
O ministro realçou que não estava falando “de preferências ideológicas ou em quem votar” e argumentou que “não é bom para país ficar negando as coisas e inventando um passado exuberante que não aconteceu”.
Em janeiro, Haddad havia sido rotulado de “ministro fraco” por Gilberto Kassab, presidente do PSD, partido que integra a base de apoio do governo, num evento também com analistas e investidores do mercado financeiro. Na ocasião, o comentário geral, após as duras críticas de Kassab, foi que o chefe do PSD só havia verbalizado o que o mercado já achava. Na época, circularam rumores segundo os quais até o próprio André Esteves, aliado e defensor de Haddad de primeira hora, havia “perdido as esperanças”.
O bombardeio sobre o ministro da Fazenda ganhou (mais) adeptos dentro do próprio governo e do PT, onde ele já enfrentava resistência. Haddad já era duramente criticado por petistas como Gleisi Hoffmann, presidente do partido, por falar excessivamente em “cortes e ajuste fiscal”.
Agora, o fogo amigo vem de colegas de Esplanada e de outros integrantes da base aliada, que temem uma guinada populista do ministro na tentativa de recuperar a popularidade de Lula, comprometendo o desempenho da economia. Embora tenha se esforço para refazer os laços com o mercado nesta terça, Haddad ouviu recados sutis.
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