O presidente Lula assinou nesta terça-feira, 18, o projeto de lei que prevê isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, uma de suas promessas de campanha. Além disso, para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil haverá um desconto parcial, reduzindo o valor pago atualmente.

Se for aprovado pelo Congresso Nacional, a partir de 2026, quem ganhar até R$ 5 mil por mês não precisará mais pagar Imposto de Renda. Hoje, a faixa de isenção é até R$ 2.259,20.

+ Lula: isenção de IR é reparação e não vai aumentar 1 centavo na carga tributária

+ Quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil vai pagar menos IR com ampliação da isenção

Para compensar a perda de arrecadação com a ampliação da faixa de isenção de IR, o governo aumentará a taxação das altas rendas. Segundo a equipe econômica, apenas 141 mil contribuintes (0,13% dos contribuintes do IR) serão afetados pela medida classificada pelo governo como “justiça tributária e social”.

A taxação compensatória atingirá os brasileiros que recebem mais de R$ 600 mil por ano e que não contribuem atualmente com alíquota efetiva de até 10% para o Imposto de Renda. A tributação mínima será de 10% somente para renda anual acima de R$ 1,2 milhão. Para quem ganha entre R$ 600 mil e 1,2 milhão, o percentual será crescente (de zero a 10%).

Não se trata de imposto novo, mas nível mínimo de alíquota de Imposto de Renda efetiva.

“Esse é um projeto é neutro [do ponto de vista fiscal], não vai aumentar 1 centavo na carga tributaria. O que estamos fazendo é uma reparação. São 140 mil brasileiros que ganham acima de 1 milhão por ano que vão contribuir para que mais de 10 milhões de pessoas não paguem IR”, disse Lula.

Como será a tributação mínima para altas rendas?

Primeiro, será somada toda a renda recebida no ano, incluindo salário, aluguéis, dividendos e outros rendimentos. Se essa soma for menor que R$ 600 mil, não há cobrança adicional. Se ultrapassar esse valor, aplica-se uma alíquota que cresce gradualmente até 10%, para quem ganha R$ 1,2 milhão ou mais.

Já na hora de calcular o valor do imposto devido, alguns rendimentos são excluídos, como ganhos com poupança, títulos isentos, herança, aposentadoria e pensão de moléstia grave, venda de bens, outros rendimentos mobiliários isentos, além de indenizações. Veja exemplos:

Renda AnualCálculo da Alíquota MínimaAlíquota Final
Imposto Mínimo a Pagar
R$ 600.000(600.000 – 600.000) / 600.000 x 10%0%Nada
R$ 750.000(750.000 – 600.000) / 600.000 x 10%2,50%R$ 18.750
R$ 900.000(900.000 – 600.000) / 600.000 x 10%5%R$ 45.000
R$ 1.050.000(1.050.000 – 600.000) / 600.000 x 10%7,50%R$ 78.750
R$ 1.200.000(1.200.000 – 600.000) / 600.000 x 10%10%R$ 120.000
Alguns rendimentos serão excluídos da renda para a tributação mínima (Crédito:Divulgação)

 

Taxação de dividendos

Pelo projeto, a retenção dos 10% na fonte incidirá apenas sobre dividendos pagos a pessoas físicas residentes no Brasil e quando superiores a R$ 50 mil por mês, e pessoas físicas ou jurídicas que residem no exterior, e sobre qualquer valor.

De acordo com o projeto, a tributação incidente sobre os dividendos também será devolvida caso a empresa que distribuiu os dividendos tenha recolhido o Imposto de Renda sem abatimentos, ou seja, na alíquota nominal de 34% (para a maioria dos setores), 40% (seguradoras) e 45% (instituições financeiras). Caso ultrapasse os percentuais limites, prevê-se a restituição ou crédito no ajuste anual da pessoa física.

O Ministério da Fazenda argumenta que o intuito não é tributar os dividendos, mas considerar esses valores como parte da renda dos sócios e investidores na hora de tributá-los. Se eles forem enquadrados como mais ricos mas estiverem pagando o IR mínimo, não haverá tributação sobre os dividendos.

Governo prevê mais 10 milhões de isentos de pagar IR

Serão 10 milhões de brasileiros beneficiados pela nova isenção do Imposto de Renda, segundo o governo, o que fará dobrar o número de isentos de IR no país.

  • 90% dos brasileiros que pagam IR (o correspondente a mais de 90 milhões de pessoas) estarão na faixa da isenção total ou parcial.
  • 65% dos declarantes do IR pessoa física (cerca de 26 milhões de pessoas) serão totalmente isentos.

Exemplos do que muda com as alterações no IR, segundo o governo

Como fica a tabela do IR

A tabela do IR não será alterada. A dedução ocorre após a aplicação da tabela progressiva, garantindo isenção total até R$ 5 mil e parcial até R$ 7 mil. As alíquotas progressivas permanecem: 7,5%; 15%; 22,5% e 27,5%.

A dedução só se aplica até R$ 7 mil mensais. Para quem ganha acima disso, a tabela progressiva do Imposto de Renda será aplicada normalmente.

Ou seja, para quem recebe acima de R$ 7 mil a tributação não mudará em nada com o projeto.

Qual será o custo da ampliação da isenção e de onde virá o dinheiro

Para compensar a perda de arrecadação com a ampliação da isenção – que vai gerar uma redução em torno de R$ 25,84 bilhões em 2026 aos cofres públicos -, o governo propôs a tributação mínima das altas rendas.A medida vai possibilitar uma ampliação de receita de R$ 25,22 bilhões, além de R$ 8,9 bilhões em virtude da tributação de 10% na remessa de dividendos para o exterior (apenas para domiciliados no exterior).