26/07/2025 - 10:00
Sendo uma queridinha dos investidores pessoa física, a Taesa destaca ‘levar a sério’ a grande base de acionistas que possui por free float, com as ações listadas em bolsa, e que isso impacta diretamente decisões de gestão.
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Ao Dinheiro Entrevista, o CEO da Taesa, Rinaldo Pecchio Jr, conta uma experiência própria em que teve contato, por acaso, com um dos investidores pessoa física da companhia.
“Eu estava começando na companhia, estava lá há alguns meses e eu cheguei no hotel, eu estava com uma mochila, com o meu computador, e na mochila estava escrito ‘Taesa’. Uma pessoa que estava lá no hotel como responsável por receber os hóspedes na recepção me chamou e falou: ‘oi, senhor, eu sou acionista da tua empresa'”, conta.
“Eu achei aquilo tão emblemático e eu levei para dentro da empresa e falei: ‘olha só a nossa responsabilidade’. Então, a gente tem muitas pessoas iguais àquele cidadão que me parou. R$ 1 na mão de acionista é muito melhor do que R$ 1 que a gente gastou sem saber se de fato exaurimos as análises e precisa de fato ser gasto. A gente tem uma responsabilidade nessa base que foi aumentando ao longo do tempo e eles foram vendo a companhia como uma alternativa de renda fixa”, completa.
Qual o futuro dos dividendos da Taesa?
Após ter reduzido o valor dos dividendos pagos no ano anterior, Pecchio afirma que a companhia seguirá distribuindo dividendos aos acionistas, agora com base em um novo modelo.
Os dividendos de TAEE11 passaram a ser calculados partir do lucro regulatório, deixando de usar o lucro apurado pelas regras do IFRS. Essa mudança, segundo o CEO, ajuda os investidores a entender melhor os resultados da empresa e torna os pagamentos mais previsíveis.
“O regulatório reflete de fato as receitas autorizadas pela Aneel, os custos que eu tenho. Ou seja, acabo tendo uma geração de caixa muito mais aderente à realidade da empresa”, avalia o CEO.
De acordo com Rinaldo Pecchio Jr, a companhia está direcionando mais recursos para o Capex. A meta é disputar leilões e conquistar concessões para substituir contratos que estão perto de acabar. A ideia é seguir crescendo sem colocar o caixa em risco.
A previsão atual é repassar de 90% a 100% do lucro regulatório aos acionistas.
No primeiro trimestre de 2025, a empresa registrou R$ 188 milhões de lucro regulatório. Se esse ritmo for mantido, o total no fim do ano pode atingir R$ 752 milhões — valor que também pode ser usado como referência para os dividendos esperados.
Em 2024, os pagamentos aos investidores somaram R$ 190 milhões. Em outros períodos, esse número foi bem maior, com o dividend yield alcançando patamares entre 12% e 14%. Veja os dados de anos anteriores:
- 2018: R$ 858 milhões
- 2019: R$ 655 milhões
- 2020: R$ 1,54 bilhão
- 2021: R$ 1,78 bilhão
- 2022: R$ 898 milhões
- 2023: R$ 977 milhões
- 2024: R$ 190 milhões
No que diz respeito ao endividamento, a dívida líquida da companhia atualmente representa 4,1 vezes o Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização).
A empresa estima que esse índice deve ficar entre 3,5 e 4 vezes em breve, à medida que novos empreendimentos entrarem em operação — movimento que o CEO define como uma “desalavancagem já contratada”.
Qual o tamanho da companhia
A companhia administra uma rede de transmissão elétrica que ultrapassa os 15 mil quilômetros, distribuída em 18 estados do país.
Com trajetória iniciada há quase duas décadas e presença na bolsa desde o primeiro dia, a empresa ganhou visibilidade por repassar lucros de forma constante aos acionistas. Por esse histórico, já foi vista por investidores como alternativa para obter retorno acima do que é oferecido em aplicações conservadoras.
Atualmente, cerca de 750 mil pessoas físicas estão entre os acionistas da Taesa, respondendo por 63% do capital total da empresa. Já o controle acionário está dividido entre a Cemig, com 21%, e a ISA Brasil, com 14%.