20/08/2025 - 6:00
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, defendeu nesta terça-feira, 19, que o Brasil precisa manter ‘uma política fiscal rigorosa’ para dar margem ao Banco Central (BC) flexibilizar a política monetária com um eventual início do ciclo de cortes da taxa básica de juros (Selic).
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“Aliás, eu gostei da sua palavra, Mario [Leão, CEO do Santander], de dizer que não gosta de juros altos. Com juros altos, quem se endividou tem problema, quem precisa de crédito tem receio e, o pior de tudo, a dívida do governo sobe. Metade da dívida brasileira, R$ 8 trilhões, é ‘selicada’. 1% de Selic custa R$ 48 bilhões por ano para rolar. Só para rolar, não é para abater”, disse o vice-presidente na 26ª Conferência Anual do Santander.
“É fundamental ter uma política fiscal rigorosa para ter uma política monetária melhor”, destacou.
Atualmente a Selic está em 15% e, conforme sinalizações recentes do Comitê de Política Monetária (Copom), não deve haver um corte no curto ou médio prazo – dado que a última Ata do Copom destacou juros altos ‘por um período bastante prolongado’.
Nesse cenário o Brasil tem a 2ª maior taxa de juros real do mundo, de 9,76%, ficando apenas atrás da Turquia que possui 10,88% de juro real.
‘Teremos déficit zero neste ano e superávit em 2026’
Sobre as contas públicas, Alckmin declarou que ‘acredita’ que o governo conseguirá entregar a meta de zerar o déficit primário neste ano e de chegar a um superávit de 0,25% no ano de 2026.
“Nós temos um uma tarefa que não é pequena, que é a questão fiscal. Nós temos que fazer superávit primário. Aliás, uma vez eu fui candidato presidente da República e disse: “Olha, nós temos que fazer superávit nominal, não é nem primário.” Então, se fazer um super primário, você fizer um superávit de 2,5% PIB, você mais ou menos estanca o crescimento da dívida”, disse.
“Esse ano a meta é zero, o déficit primário zero, com uma tolerância de 0,25% para mais ou para menos. Ano que vem o superávit tem de ser de 0,25% e tem que ir subindo esse superávit primário. Acredito nisso”, completou o vice-presidente.
Na visão de Alckmin, esse debate ‘não deveria ser mais objeto de discussão de esquerda, nem de direita’, e que responsabilidade fiscal deveria permear ambos os espectros políticos.