A exclusividade de 90 dias para negociação entre o fundo Petroquímica Verde, detido pelo empresário Nelson Tanure, e a Novonor pela fatia controladora na Braskem chegou ao fim, informou a petroquímica nesta sexta-feira.

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A Novonor informou à Braskem que, apesar do encerramento do prazo de exclusividade, segue em tratativas com o fundo para a alienação da sua participação, conforme fato relevante da petroquímica ao mercado.

A Novonor tem 50,1% do capital votante da Braskem.

Ainda no início do mês de julho a Petroquímica Verde Fundo de Investimento em Participações – veículo de investimentos do empresário Nelson Tanure – pediu ao Cade autorização para uma potencial transação envolvendo as suas ações.

Os problemas da Braskem decorrentes do acidente geológico causado por suas operações de sal-gema em Maceió (AL) têm sido um entrave às tentativas da Novonor de vender sua participação na companhia.

O escritório de advocacia holandês Lemstra Van der Korst (LVDK), em parceria com o britânico Pogust Goodhead, entrou com recurso buscando agora responsabilizar as subsidiárias da Braskem na Europa pelos prejuízos causados a moradores pelo afundamento de bairros em Maceió.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Tanure chegou a contratar a consultoria Aecom para avaliação da situação da Braskem em Maceió. Procurados, Braskem e Tanure não quiseram comentar.

Sem acordo, Tanure pode deixar de comprar Braskem

O mercado já especula que, sem um amplo acordo com autoridades relacionado ao afundamento do solo na capital de Alagoas, Nelson Tanure não comprará a petroquiímica.

Desde a assinatura do contrato de exclusividade – que agora chegou ao fim – o empresário tem trabalhado para resolver questões legais decorrentes do afundamento do solo em Maceió, onde a Braskem operava minas de sal-gema.

A companhia já teve de desembolsar cerca de R$13 bilhões ao longo dos últimos anos em meio a milhares de reclamações de famílias deslocadas pelo fenômeno na capital alagoana.

Em uma resposta por escrito à Reuters nesta segunda-feira, Tanure disse que a resolução deste caso é condição inegociável para o futuro de sua oferta pela Braskem.

“Um acordo com todas as entidades envolvidas no desastre de Alagoas é sine qua non. Sobretudo da não transferência da responsabilidade penal e de equacionamento financeiro para os novos acionistas”, disse o empresário, sem elaborar sobre seus próximos passos.

O afundamento foi atribuído por autoridades às atividades de extração de sal-gema da Braskem, que começaram na década de 1970 e foram interrompidas em 2019 após o registro de rachaduras em edifícios e ruas de Maceió.

Enquanto Tanure decide sua estratégia, a gestora de private equity IG4 Capital aguarda para lançar uma oferta rival quando o acordo de exclusividade entre o empresário e a Novonor deixar de existir. A estratégia da IG4 é consolidar a dívida bancária da Novonor e trocá-la por ações da Braskem, segundo pessoas próximas ao plano.

Braskem, Novonor e IG4 não comentaram.

As discussões sobre o futuro do controle da Braskem coincidem com a tentativa da empresa química Unipar de comprar fábricas de polipropileno da Braskem nos EUA por cerca de US$1 bilhão, segundo informações publicadas nos últimos dias pela mídia e confirmadas pela Reuters. Divulgada na semana passada, a tentativa não conta com a aprovação de partes-chave, incluindo Tanure e IG4, de acordo com fontes.