São Paulo, 22 – O plantio antecipado da soja 2025/26 deve criar condições favoráveis para a segunda safra de milho, com maior potencial produtivo em 2026, avaliou o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, em entrevista ao podcast Prosa Agro, do Itaú BBA. Com a oleaginosa entrando no campo mais cedo, a janela de semeadura do milho fica mais segura e o risco de perdas por estiagem no outono diminui. “Só o fato de você conseguir plantar mais cedo a soja já dá uma perspectiva maior para uma produção relativamente melhor para o milho”, disse Santos. “O que define a safra de milho são as chuvas de abril e maio.”

A expectativa é de chuvas regulares já em setembro, antecipando o calendário agrícola em pelo menos um mês. “Se a gente até o dia 20 de fevereiro tiver seus 80% de área plantada, Mato Grosso, Paraná, parte de Goiás e também Mato Grosso do Sul, pode cortar a chuva dia 10 de abril, que está praticamente garantida a safra”, projetou Santos.

O avanço do calendário beneficia especialmente Mato Grosso e Paraná, principais polos do milho safrinha. Com plantio concentrado entre 15 de janeiro e 25 de fevereiro – período considerado ideal -, as lavouras ficam menos expostas à seca precoce. Mesmo com eventual corte de chuvas na primeira quinzena de abril, a produtividade deve se manter entre 110 e 120 sacos por hectare.

O contraste é grande em relação à safra atual. “Este ano plantou tarde o milho, teve plantios até final de março, mas a chuva se estendeu até junho. Então, independentemente da época de plantio, choveu quando precisava”, explicou Santos. Para 2026, a estratégia é diferente: plantar cedo para reduzir a dependência de chuvas prolongadas.

A janela ideal pode influenciar decisões de área. “Quando ele tem a possibilidade de plantar o milho dentro de uma janela ideal, ele planta o milho”, observou Santos. Com a soja entrando mais cedo, produtores podem até ampliar a área destinada ao cereal.

Mesmo com preços do milho em baixa e custos de fertilizantes elevados, a semeadura no período correto aumenta a segurança. “Na pior das piores hipóteses, ele vai manter a mesma área deste ano”, estimou o especialista.

No mercado, a perspectiva favorável para o milho safrinha se soma à produção elevada da safra de verão brasileira e à colheita recorde projetada nos Estados Unidos. “É um ano de boas perspectivas para o milho segunda safra também”, avaliou Santos.

A antecipação do calendário pode garantir disponibilidade de milho já em maio, reforçando abastecimento interno e exportações. O risco de atrasos no plantio existe caso ocorram períodos prolongados de chuva em janeiro e fevereiro, mas a Rural Clima considera baixa essa probabilidade. “As chuvas já estão ocorrendo. Tem chuvas já previstas para a primeira quinzena de setembro em grande parte do Brasil”, destacou Santos no podcast.