O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quarta-feira que a convergência da inflação à meta de 3% está ocorrendo de maneira lenta, com projeções da autoridade monetária e do mercado para os preços nos próximos anos ainda fora do alvo.

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Em evento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em São Paulo, Galípolo afirmou que esse cenário tem demandado do BC uma política monetária mais restritiva, ressaltando que a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, deve permanecer por período prolongado nesse patamar.

“A gente está num cenário de ter descumprido a meta… e com expectativas e projeções do Banco Central e do mercado que ainda (mostram que) essa convergência está se dando de uma maneira lenta para a meta de inflação”, disse.

Galípolo enfatizou que o alvo perseguido pelo BC é o centro da meta de 3%, ressaltando que a banda de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos tem o objetivo de amortecer efeitos de eventuais surpresas.

Agentes de mercado têm melhorado gradualmente as expectativas para a inflação, mas ainda esperam que o índice de preços fique acima da meta neste e nos próximos anos, prevendo altas de 4,86% em 2025, 4,33% em 2026 e 3,97% em 2027, segundo o mais recente boletim Focus.

O BC, por sua vez, projetou em julho que a inflação ficará em 4,9% neste ano e 3,6% em 2026.

No evento, Galípolo disse que o mercado de trabalho no Brasil segue forte, mesmo diante dos juros elevados, e a economia está resiliente.

O presidente do BC afirmou que a inflação começou a dar alguns sinais positivos com ajuda da valorização do real frente ao dólar, mas ponderou que a autarquia observa o cenário com parcimônia e não pode se emocionar com um dado pontual.

As incertezas diante do BC

No mesmo evento, Galípolo disse que o real vem se apreciando a um ritmo mais forte do que seus pares ao longo deste ano e o mercado de câmbio tem se comportado muito bem do ponto de vista de liquidez e funcionalidade.

O presidente do BC reafirmou que o câmbio flutuante é uma das principais linhas de defesa da economia do país. Acrescentou que investidores globais continuam em busca de ativos no mercado dos EUA, mas os agentes buscam mitigar riscos de desvalorização do dólar, crescendo posições de hedge, algo que não era tão comum.

Nesse ambiente, segundo ele, fica ainda mais difícil prever o que vai acontecer com o câmbio.