Líder do segmento de tecnologia para recursos humanos (RH) no Brasil, a Gupy já foi responsável por 4 milhões de contratações. Por mês, 10 milhões de aplicações são processadas e uma contratação ocorre a cada minuto. Os processos de contratação realizados com apoio da empresa, no entanto, são um meme recorrente nas redes sociais por conta de muitas fases ou dos testes aplicados.

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Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, a CEO e cofundadora da Gupy, Mariana Dias, afirma que as queixas na verdade dizem respeito a aspectos sob responsabilidade das empresas contratantes.

“A gente não opera, a gente não é uma consultoria, a gente é a plataforma”, afirma. “O que a Gupy ajuda no processo seletivo é a empresa a montar o seu processo.”

De acordo com a executiva, a plataforma até possui ferramentas para estimular as empresas a melhorarem sua seleção, como um conjunto de centenas de testes feitos por parceiros, um termômetro que indica como cada fase adicionada diminui o engajamento de possíveis candidatos e um selo de reconhecimento para quem dá feedback para os recusados. “Mas é realmente responsabilidade da empresa montar esse processo”, diz.

Dias também afirma que as críticas, apesar de barulhentas, são isoladas.

“As reclamações não passam de 0,03% de todos os usuários que mensalmente usam a Gupy, mas a gente sabe que os comentários negativos podem gerar mais compartilhamentos”, diz.

Como candidatos podem dominar a Gupy

Independentemente das críticas, quem busca um emprego hoje dificilmente consegue evitar um processo seletivo da Gupy. Com o segmento de recrutamento como seu carro-chefe, a plataforma exibe orgulhosa o número de 100 mil novas vagas em sua plataforma todos os meses. Das empresas listadas no Ibovespa, 80% utilizam o serviço para achar seus novos empregados.

Plataforma de busca de vagas da Gupy
Plataforma de busca de vagas da Gupy (Crédito:Reprodução)

Os números crescem de forma cada vez mais acelerada. Fundada em 2015, a empresa comemorou 1 milhão de contratações em 2022. Três anos depois, este número quadruplicou. A empresa salta disparada na frente de concorrentes como Vagas.com, Catho e o próprio LinkedIn. Também se diferencia por oferecer serviços que já abarcam quase todos os processos dentro dos departamentos de recursos humanos.

A executiva explica que, neste novo cenário, com mais tecnologia envolvida na seleção, o caminho de fato é adaptar-se, e afirma que a Gupy busca auxiliar nesta missão.

“A gente criou um curso para ajudar as pessoas candidatas a se preparar melhor, para a inscrição e para a entrevista também. Procurar emprego, a gente sempre reforça, também é um emprego, de uma certa forma. Exige preparo, dedicação”, diz.

“Não é porque tem hacks, não é porque tem pegadinha. Nada disso! É mesmo para ajudar as pessoas. Como é a melhor forma de eu colocar minha experiência profissional? Será que é colocar só que eu trabalhei em tal lugar ou posso colocar minhas conquistas? O que seria importante? Isso ajuda o recrutador a entender realmente quem é você”, aconselha a CEO.

O uso de IA generativa por parte dos candidatos na resposta dos testes ou para preencher os perfis não é uma preocupação. “A gente acredita que as pessoas podem usar isso desde que seja usado de forma responsável, de forma ética”, explica.

Antes do robô, eram pilhas de papel

Mariana Dias afirma que o método de avaliação das candidaturas anterior à inteligência artificial nas grandes empresas não era funcional. A ideia de criar a Gupy veio justamente depois de sua atuação nos recursos humanos de uma grande empresa, a Ambev.

“Naquele momento a gente tinha currículos em papel. Era impossível, por mais que a gente tivesse boa vontade, fazer uma boa análise daquelas pilhas e pilhas”, recorda Dias. “As pessoas que se inscreviam ou entregavam o currículo não faziam ideia se iam ter um feedback, se aquele currículo tinha sido visto, quais eram as etapas. Então, a gente viu na tecnologia uma oportunidade de melhorar muito esse processo.”

Para a CEO da plataforma, a adoção da inteligência artificial em diversos processos empresariais veio para ficar. “A nossa tese é que cada vez mais a gente vai ver inteligência artificial, não só no recrutamento, mas em todos os sistemas”, afirma.

Gupt tem 700 funcionários

O recrutamento é apenas um dos serviços oferecidos pela Gupy hoje. A empresa já leva tecnologia para praticamente todas as áreas dos recursos humanos, com produtos para admissão (solução que digitaliza e automatiza o processo de contratação após a seleção do candidato), educação corporativa, clima e engajamento, avaliação de desempenho e gestão de metas.

Em 2025, a empresa deu ainda um novo passo ao formular uma plataforma em que reúne todos os serviços. Apesar de serem vendidos separadamente, eles podem agora serem acessados com mais facilidade pelos clientes profissionais de RH. Organizações com pelo menos 200 funcionários já entram no leque de possíveis clientes da Gupy.

Com 700 funcionários, a empresa concentra 60% de sua força de trabalho em regime híbrido em São Paulo. Os demais trabalham em home office, espalhados pelo país. A CEO afirma que flexibilidade é um valor priorizado na empresa, assim como diversidade. “A gente sempre se preocupou, até porque o time de fundadores da Gupy é muito diverso. Eu sou uma mulher LGBTQ+, casada com uma mulher, com uma filha.”

Dias considera que ainda há bastante espaço para crescimento da empresa. Diz também que a máquina jamais substituirá totalmente os profissionais de RH: “A Gupy nunca foi a responsável por fazer a seleção final. Eu nem acredito que nenhuma inteligência vai fazer isso. Sempre vai precisar do entrevistador. Isso é insubstituível”.

Apesar de não estar ainda voltada a uma expansão internacional, os serviços da Gupy já são utilizados em alguns países da América Latina, levados por empresas multinacionais que inicialmente contrataram a HRTech no Brasil. Como exemplo, a CEO cita a loja de produtos esportivos Decathlon.

A empresa não abre dados de faturamento, porém tem um nome robusto de investidores que garante apostas altas para seu futuro, como SoftBank e Riverwood.