Secretário Marco Rubio chama Moraes de “violador de direitos humanos” e sinaliza mais retaliações, afirmando que EUA “vão responder adequadamente” ao resultado do julgamento. Trump diz que “Bolsonaro é um bom homem”Pouco depois da condenação de Jair Bolsonaro por golpe de Estado, o governo dos EUA sinalizou que pretende impor mais retaliações contra o Brasil.

Em mensagem publicada na rede X, o secretário de Estados dos EUA, Marco Rubio, chamou o julgamento do aliado brasileiro de “caça às bruxas” e disse que a Casa Branca vai “responder de forma adequada”. Rubio também chamou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro, de “violador de direitos humanos”.

“As perseguições políticas por parte do violador de direitos humanos Alexandre de Moraes continuam, uma vez que ele e outros membros do Supremo Tribunal Federal do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão de forma adequada a esta caça às bruxas”, escreveu Rubio.

Mais cedo, o presidente Donald Trump, também comentou brevemente sobre o resultado do julgamento, que resultou na condenação de Bolsonaro e a imposição de uma pena de 27 anos de prisão.

Trump disse ter ficado surpreendido com a condenação e comparou a situação jurídica do aliado brasileiro com os problemas que enfrentou na Justiça norte-americana antes de voltar à Casa Branca.

“Eu assisti ao julgamento. Eu o conheço bem. Como líder estrangeiro, achei que ele foi um bom presidente. É muito surpreendente que isso tenha acontecido. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum. Mas só posso dizer o seguinte: eu o conheci como presidente do Brasil. Ele era um homem bom, e não vejo isso acontecendo.”, afirmou, ao deixar a Casa Branca.

Trump comentou a condenação de Bolsonaro enquanto deixava a Casa Branca para embarcar para Nova York, quando já havia maioria no STF pela condenação do ex-presidente brasileiro por tentativa de golpe de Estado, graças ao voto da ministra Cármen Lúcia.

Ao final do julgamento, quatro dos cinco ministros da Primeira Turma do STF entenderam que Bolsonaro foi responsável não apenas por insuflar seus apoiadores a rejeitarem o resultado das urnas, mas também por liderar um plano para instituir uma intervenção militar e se manter no poder após sua derrota na eleição presidencial de 2022.

Votaram pela condenação Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Isolado, Luiz Fux apresentou divergência, pediu nulidade do processo e inocentou Bolsonaro.

Sanções ao Brasil e a Moraes

Ao falar com jornalistas nesta quinta-feira, Trump, em contraste com Rubio, evitou sinalizar se pretende aplicar novas sanções ao Brasil em razão da condenação do seu aliado.

Em julho, o governo Trump enviou uma carta ao presidente Lula anunciando tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA. Na ocasião, ele justificou a medida, em parte, por causa dos processos enfrentados por Bolsonaro na Justiça brasileira, que a Casa Branca interpretou como uma perseguição. As tarifas entraram em vigor em agosto, com várias isenções.

O governo Trump também se voltou contra o STF, suspendendo a entrada nos EUA de Moraes e outros sete ministros do STF: Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flavio Dino, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Moraes ainda sofreu sanções econômicas por parte da Casa Branca, com base na lei Lei Magnitsky.

jps (ots)