13/09/2025 - 8:00
A celulose brasileira deixou de fazer parte dos produtos com tarifas de importação nos Estados Unidos. Após decreto do presidente americano Donald Trump, o insumo não está mais na lista de produtos taxados nem mesmo em 10%. Em 2024, o Brasil, maior fornecedor de celulose no mundo, exportou 3 milhões de toneladas para os Estados Unidos.
+Tarifas: setores de café e carne do Brasil creem em negociações e citam inflação nos EUA
+Tarifaço: governo divulga lista de produtos afetados que terão direto a crédito emergencial
O Instituto Brasileiro de Árvores (Iba), associação que representa os fabricantes de celulose, confirmou a IstoÉ Dinheiro Rural que as isenções já estão valendo. O produto já havia entrado na lista de exceções das tarifas adicionais de 40% que entraram em vigor em agosto contra produtos brasileiros. Apesar disso, papéis em geral e painéis de madeira seguem com tarifas de 50% e 40%, respectivamente.
O presidente da Ibá, Paulo Hartung disse que trata-se de uma decisão muito positiva para o setor.
“É necessário que o governo se mantenha firme na busca de canais, assim como empresários devem manter o contato constante com seus clientes e fornecedores. Vale ressaltar que o novo decreto não altera as tarifas adicionais aplicadas a papéis em geral e a painéis de madeira, questões que ainda precisam ser endereçadas e estão sendo acompanhadas de perto pela Ibá e empresas associadas”, disse.
O novo decreto presidencial não altera as tarifas adicionais aplicadas a papéis em geral e a painéis de madeira (MDF e MDP), que permanecem, respectivamente, em 50% e 40%.
Medida beneficia Suzano e Klabin
A decisão da Casa Branca favorece grandes empresas brasileiras exportadores de celulose como Suzano e Klabin. A primeira muito forte no mercado global de celulose (matéria prima), a segunda no segmento de papéis (finalizados) embalagens sustentáveis.
A Suzano vendeu 3,7 milhões de toneladas de celulose e papéis no 2º trimestre de 2025, um aumento de 28% em relação ao mesmo período de 2024.
Veja o que mudou
O decreto da Casa Branca retirou a cobrança de tarifa de 10% sobre três especificações de celulose, as quais representam 90% do que o Brasil exportou para os Estados Unidos em 2024.
O Anexo II desse documento atualiza a lista de produtos isentos da tarifa recíproca de 10%, que agora passa a incluir os produtos de celulose classificados no SH4 4703 sob os códigos 4703.11.00, 4703.21.00 e 4703.29.00.
Carlos Braga, CEO do Grupo Studio analisa que a decisão de isentar a celulose brasileira do tarifaço mostra que, mesmo em um ambiente global de protecionismo, existe espaço para negociação quando o produto é estratégico.
“O Brasil é um dos maiores players mundiais de celulose, e qualquer barreira nesse mercado teria impacto direto em margens, empregos e investimentos. A retirada da sobretaxa garante maior fôlego às exportações e reforça a importância de o país diversificar acordos e ampliar a previsibilidade para o setor, porque o risco de novas medidas unilaterais sempre existe”, aponta.

Em abril deste ano, Trump lançou iniciou a imposição de tarifas globais com a justificativa de tentar reverter ou equilibrar uma balança comercial que segundo ele ao longo de décadas tem sido extremamente deficitária para os Estados Unidos.
O republicano acusou diversos países de estarem “se aproveitando” dos EUA, já que vendem muito para os EUA, mas compram pouco do que os americanos produzem, o que não é o caso do Brasil.
*Estagiário sob supervisão