Inimigo de Putin morreu em circunstâncias misteriosas numa prisão no Círculo Polar Ártico. Kremlin nega acusações de envolvimento na morte do ativista.A viúva do opositor russo Alexei Navalny, que morreu em uma colônia penal no Círculo Polar Ártico, afirmou nesta quarta-feira (17/09) que testes realizados em laboratórios estrangeiros indicam que a causa da morte de seu marido foi envenenamento.

Principal opositor do presidente russo, Vladimir Putin, Navalny morreu aos 47 anos em circunstâncias misteriosas em fevereiro de 2024, enquanto cumpria uma sentença de 19 anos de prisão. De acordo com as autoridades penitenciárias, Navalny morreu repentinamente depois de fazer uma caminhada na penitenciária IK-3 na cidade de Kharp.

Desde então, a viúva do líder opositor, Yulia Navalnaya, acusa a Rússia de ter assassinado seu marido, uma acusação que o Kremlin rejeita como absurda. Nesta quarta, Navalnaya contou que conseguiu contrabandear para o exterior amostras biológicas do corpo de Navalny para uma análise que pudesse apontar as causas do óbito.

Segundo ela, laboratórios de dois países concluíram que Navalny foi assassinado. “Mais especificamente: envenenado”, ressalta em um vídeo publicado em redes sociais. Ela pediu ainda que os laboratórios publiquem suas descobertas, porém, não disse qual o veneno que teria sido encontrado nas amostras.

Quem foi Navalny

Navalny ganhou destaque há mais de uma década ao ridicularizar a elite em torno de Putin e denunciar a corrupção em grande escala. Em agosto de 2020, na Sibéria, Navalny quase morreu envenenado por Novichok, uma substância neurotóxica desenvolvida pela antiga União Soviética, num atentado que o Ocidente atribuiu ao FSB, o serviço secreto russo.

Levado à Alemanha para o tratamento, Navalny optou por voltar à Rússia em meados de 2021, apenas para ser imediatamente preso ao pôr os pés em Moscou, desencadeando alguns dos maiores protestos que a Rússia já testemunhou em décadas.

Em agosto de 2023, ele foi sentenciado, em julgamento a portas fechadas, a 19 anos adicionais de prisão – além dos 12 anos que já cumpria, por várias acusações –, desta vez por supostamente fundar e financiar uma organização terrorista e banalizar o nazismo.

Mesmo atrás das grades, continuou a fazer campanha contra Putin e a se manifestar contra a invasão da Ucrânia. Após anunciar uma campanha contra a reeleição de Putin no final de 2023, o inimigo número um do Kremlin foi transferido para o presídio no Círculo Polar Ártico, onde morreu meses depois.

Após sua morte, autoridades se recusaram por dias a entregar o corpo aos familiares, o que levantou suspeitas entre seus seguidores.

cn (Reuters/AFP)