Localizada no litoral norte do estado do Paraná, a cidade de Antonina ganhou oficialmente o status de “capital da bala de banana” e impulsionou a venda das duas principais fabricantes do produto na região. Uma delas, a fabricante homônima Antonina, já vendeu até ovos de páscoa, panetone, colomba pascal, garrafas de cerveja e cosméticos. Somados, os produtos venderam 19 mil unidades e totalizam cerca de R$435 mil em faturamento.
A história da cidade com o doce começa na década de 1970, quando a Antonina instalou-se no local na mesma época de outra fábrica, a Bananina. O reconhecimento da fama construída pelo produto ao longo dos anos veio mais recentemente, com a conquista de um selo de indicação geográfica (IG) em 2021. Em 2025, a bala alcançou status de patrimônio imaterial do município.
Aproveitando o reconhecimento institucional, a fábrica Antonina diversificou seu portfólio através de parcerias com pequenos produtores que fabricam artigos assinados pela marca, como os ovos de páscoa e panetones.
“Tem gente fã das balas já. Eu acho que esse é o grande objetivo: construir uma marca para ter esse nível de fidelização”, afirma o sócio-proprietário da empresa, João Soter. “A pessoa pode comer, vestir, beber, passar, cheirar… Pode fazer de tudo com a bala de banana.”
Fábrica de balas de banana Antonina lançou cerveja, ovo de pascoa, panetone e até cosméticos em parcerias com outras marcas. Crédito: Divulgação
Love Brand
A estratégia da empresa Antonina mirou nos últimos anos o conceito de “love brand”, desenvolvido com profundidade no livro “Lovemarks” (2002), escrito por Kevin Roberts, então CEO da agência de publicidade Saatchi & Saatchi.
As love brands (marcas do amor, em tradução literal) relacionam-se com seus consumidores através de uma conexão emocional profunda, construída a partir de estratégias de comunicação e de posicionamento. Seus clientes viram então “fãs”, que podem então defender as marcas de detratores e abraçar facilmente novos lançamentos, como os cosméticos, panetone e ovos de páscoa de bala de banana.
Para que a bala Antonina alcançasse seu status atual, a conquista do selo de IG no final de 2020 foi essencial. “A gente estava começando a trabalhar nesse lance das pessoas consumirem a marca para além da bala, virar uma love brand, mas a indicação geográfica potencializou muito”, afirma João Soter.
Desde a conquista da IG, a Antonina registrou um crescimento de cerca de 305% em seu faturamento. Os números não foram divulgados. A empresa informou também um crescimento de 37% de sua produção, de cerca de 8,8 mil kg de bala por mês para 12 mil kg.
“Mesmo que as pessoas às vezes não saibam exatamente o que é uma IG – porque se você perguntar, ela não vai saber descrever o que é uma indicação geográfica – ela sabe que tem um selo, que tem qualidade”, segue Soter.
A indicação geográfica de Antonina
A IG é uma certificação emitida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) para produtos de uma região. Há duas modalidades: a indicação de procedência (IP), que reconhece a fama do item; e a denominação de origem (DO), que autentica métodos específicos de produção ligadas a localidade, capazes de dar características especiais ao produto.
O selo conquistado pela bala de banana na cidade de Antonina pertence ao segundo tipo. Localizado a 80 quilômetros da capital, o município tem condições climáticas favoráveis ao cultivo de bananas. Conta assim com as duas fábricas de balas instaladas desde a década de 1970.
Balas de banana Antonina e Bananina. Crédito: Sebrae
Ambas as empresas seguem como negócios familiares. Preparam as balas apenas com banana e açúcar. O fruto é descascado e cozido em enormes tachos até atingir o ponto desejado pelo doceiro. A massa então descansa, e por fim é cortada e embalada para venda.
Para além dos impactos para a empresa, há os benefícios para a cidade, que reconheceu a bala de banana como patrimônio cultural e imaterial em abril de 2025. “Já era uma coisa na cidade, mas hoje rola um pertencimento mais intenso”, afirma Soter. “É como se a indicação geográfica desce a chancela para algo que já existe. Por isso que tem essa questão do território.”